A bolsa brasileira pega carona no bom humor externo e inicia a semana e o segundo semestre com valorização. A trégua nas disputas comerciais entre Estados Unidos e China é o ponto de partida para a valorização do Ibovespa, que fechou junho com alta de 4,06%, a melhor marca mensal desde janeiro (10,82%). A retomada nas negociações instiga a busca por ativos de risco, como indicam os ganhos nos mercados acionários da Europa e os índices futuros em Nova York. No entanto, a piora de índices europeus de atividade e dúvidas sobre a aprovação da reforma da Previdência ainda em julho por aqui podem limitar ganhos, afirmam analistas. Os investidores estão em compasso de espera por avanços na reforma para saber se o governo conseguirá ou não aprová-la antes do recesso parlamentar. Às 10h47, o Ibovespa subia 1,25%, aos 102.229,32 pontos.

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Ao concordarem em não impor novas tarifas a seus produtos, os governos norte-americano e chinês abrem espaço para avançar na agenda comercial. Além disso, o acordo firmado na semana passada do Mercosul com a União Europeia (UE) também tende a corroborar o otimismo local, embora o investidor deva continuar atento aos desdobramentos da reforma previdenciária e ainda aos sinais de fraqueza da economia europeia.

“Os mercados reagem favoravelmente à decisão entre EUA e China de suspenderem a guerra comercial e ao encontro entre Trump Donald e o líder norte-coreano Kim Jong Un. Petróleo se valoriza na faixa de 3,00% com a decisão da Opep+ da Organização dos Países Exportadores de Petróleo de manter os cortes na produção de óleo do grupo”, resume em nota a MCM Consultores.

A alta é favorecida também pelo anúncio de que Rússia e Arábia Saudita querem manter os atuais cortes na oferta de petróleo por um período adicional de seis a nove meses.

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A expectativa da consultoria é que o ambiente externo favorável aos emergentes e o acordo do Mercosul com a União Europeia devem compensar as incertezas em torno da votação da reforma da Previdência na comissão especial.

Um acordo entre EUA e China ainda segue distante, lembra o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria Integrada. Mas, acrescenta, ao menos por ora as tensões foram reduzidas, com a retomada de conversas e o relaxamento de restrições impostas pelo governo norte-americano ao fornecimento de itens à gigante Huawei.

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A despeito da espera por avanço na reforma previdenciária, um operador pondera que ao menos esta manhã o ânimo internacional tende a imperar na bolsa brasileira, já que o clima melhor lá fora está impulsionando as cotações das commodities, o que tende a contribuir com bom desempenho das ações ligadas a matérias-primas na B3. Às 9h21, o Ibovespa futuro subia 1,61%, aos 103.010 pontos.

No Brasil, o dia deve ser influenciado pelo clima global, reforça Campos Neto, sócio da Tendências. “Mas o foco maior segue na fase decisiva para a reforma da Previdência. O esforço para o desfecho da votação na Câmara antes do recesso deve ser reconhecido pelos mercados, mas uma melhora consistente virá apenas com o avanço efetivo do tema”, estima.