A Bolsa de Valores de São Paulo subiu 1,20% ontem e registrou o sexto recorde de pontuação do mês ao atingir 31.583 pontos. Com a alta de hoje, o Ibovespa – principal índice da Bolsa paulista – acumulou ganhos de 12,61% no mês. No ano, já subiu 20,5%.
A melhora na recomendação para os títulos emitidos pelo Brasil, de neutra para ?overweight? (acima da média do mercado), anunciada ontem pelo banco JP Morgan animou o mercado nesta sexta-feira. O volume financeiro de negócios totalizou R$ 1,729 bilhão, ficando dentro da média diária do mês.
O destaque do dia foi a ação preferencial da siderúrgica Acesita, que teve alta expressiva de 11,28%, para R$ 35,50.
Os fundos de pensão Previ (dos funcionários do Banco do Brasil) e Petros (Petrobras) podem vender as ações que possuem na Acesita para a Arcelor, a segunda maior siderúrgica do mundo.
Segundo comunicado enviado pela Acesita à Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), a Arcelor, que já era acionista da companhia, decidiu exercer uma opção de compra das ações desses dois fundos e fez uma oferta de R$ 259,8 milhões em troca dos papéis.
O preço por ação alcança R$ 42,28. Juntos, os dois fundos detêm cerca de 6,144 milhões de ações, sendo 4,716 milhões que pertencem à Previ e 1,428 milhão da Petros.
O preço de venda foi definido com base em análises preparadas por dois bancos de investimento: o Morgan Stanley e o Credit Suisse First Boston.
Pregão viva-voz, símbolo da Bovespa, deixa de existir
A campainha que marca o funcionamento do pregão viva-voz da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) tocou pela última vez ontem. Na prática, o tradicional empurra-empurra e a gritaria de operadores já não existem mais na Bovespa, devido ao crescimento das transações eletrônicas. O viva-voz chegou a abrigar mais de 1.500 operadores na década de 80, passando para cerca de 700 na década de 90. Atualmente são apenas 40 profissionais.
A extinção dos negócios feitos por apregoamento (daí o nome pregão) de voz encerra a fase mais ?artesanal? da Bolsa. Nos momentos de crises ou de otimismo, as expressões ?mercado nervoso? e ?mercado eufórico? sempre foram ilustradas pelos rostos dos operadores do pregão viva-voz, cada um agarrado ao seu telefone sem fio.
Inaugurada em 1890, a Bovespa vem acompanhando as mudanças tecnológicas. Com a nova fase, o espaço de 1.000 metros quadrados onde os operadores se movimentavam terá outra destinação. O local passará por uma reforma que custará R$ 2,5 milhões e será reaberto em 25 de janeiro, aniversário da cidade de São Paulo.
Com o objetivo de aproximar a Bolsa de Valores do cidadão comum, a Bovespa vai utilizar o espaço do pregão para visitação pública. Os visitantes terão no local todas as informações sobre investimento em ações, através de meios modernos e interativos. O espaço será dividido em dez ambientes. Neles haverá mesa para simulação de negócios, sala para projeção de filme em terceira dimensão, museu interativo e um café, entre outras atrações.
A decisão de encerrar o viva-voz era mais que esperada, já que o pregão eletrônico vem avançando gradativamente. Atualmente, apenas 0,13% dos negócios realizados na Bolsa são fechados no viva-voz. Esse volume será facilmente absorvido pelos meios eletrônicos, assim como os operadores, que foram treinados para operar por computadores.
Em 1990, o número médio de negócios no viva-voz da Bovespa respondia por 89%, 91% do total, contra 10,09% do pregão eletrônico. Em 2005, são 0,13% de participação do viva-voz, contra 99,86% do eletrônico.