São Paulo
(das agências) – A Bolsa de Valores de São Paulo encerrou o último pregão do mês em alta, com o típico otimismo de fim de mês, mas não se livrou de registrar uma marca historicamente ruim em junho. A baixa acumulada neste mês só perde para a de setembro do ano passado, quando os mercados foram abalados pelos ataques aos Estados Unidos.O Ibovespa fechou a sexta-feira em alta de 1,14 por cento, aos 11.139 pontos. Com isso, junho se encerra com uma perda de 13,4 por cento. Em setembro de 2001, o Ibovespa caiu 19 por cento. No acumulado de 2002, o índice perde 17,95 por cento.
O diretor do Banco Merrill Lynch, Marcelo Audi, acredita que os ativos brasileiros podem voltar a se recuperar no início de julho. Segundo ele, um ponto positivo é a iniciativa do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, de ir à Europa para tentar acalmar os investidores estrangeiros.
“No pânico, é importante alguém chegar e dizer: olha, estão aqui os fundamentos. Olha e pensa sobre a tua visão de mercado”, afirmou ele.
Segundo operadores, os negócios desta sexta-feira foram regidos pelo otimismo de último dia de mês. A exceção ficou por conta dos papéis da Embratel, cujas preferenciais formaram um turbilhão de negócios no pregão.
Foram realizados 4.804 negócios somente com essa ação. Quase 20 por cento de todo o movimento da bolsa no dia. Apesar do anúncio de que a companhia recompraria aproximadamente 5,6 por cento do total desses papéis em circulação, a ação despencou 22,87 por cento, para 1,45 reais o lote de mil. Durante o dia, estabeleceu nova baixa recorde, cotada a 1,42 reais.
Dólar
As turbulências nos mercados financeiros levaram o dólar a acumular a alta mais forte frente ao real desde que a moeda brasileira foi desvalorizada, em janeiro de 1999.
Apesar de um refresco nesta sexta-feira, o dólar encerrou junho com avanço de 12 por cento ?valorização que só é menor do que os cerca de 70 por cento de alta acumulados no mês em que o real começou a flutuar livremente.
Nesta última sessão do semestre, com volume de negócios encolhido, a moeda norte-americana deslizou 1,23 por cento, para 2,820 reais para venda. No ano, o avanço acumulado sobre o real é de 21,8 por cento.
“O mercado está bem parado”, comentou João Medeiros, da Pioneer Corretora, sobre essa sexta-feira. “Chegamos a uma ponta em que ninguém quer comprar (dólares) a 2,80 reais.”
O operador sênior de um banco de investimentos acrescentou que “mais do que final de mês, estamos em final de semestre”. Alguns bancos se concentram na elaboração de balanços em períodos como este.
“A rolagem na BM&F foi feita antes, ninguém se arrisca a deixar muita coisa para o último dia”, completou.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), a quantidade de contratos negociados também minguou. No final da tarde, o vencimento que perde a validade neste pregão já contava com menos transações que o seguinte ?o que confirma a idéia de que a migração de contratos estava consolidada.