Bolsa fecha em baixa de 4,4%

Depois de subirem com força na semana passada, a Bolsa e os títulos da dívida externa brasileira despencaram hoje (28), no dia seguinte à confirmação da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O Índice Bovespa (Ibovespa) fechou em baixa de 4,4%, enquanto o C-Bond recuou 3,15%, para 56,688% do valor de face, contribuindo para a alta de 1,9% do risco país, para 1.813 pontos. Segundo operadores, os investidores aproveitaram para vender ações e títulos brasileiros com o objetivo de embolsar os ganhos recentes.

Passado o impacto positivo das declarações de integrantes do PT, reafirmando o compromisso com políticas fiscais austeras, o mercado espera agora novidades mais concretas do governo eleito – especialmente o anúncio de quem vai ocupar a presidência do Banco Central (BC) e o Ministério da Fazenda. O discurso de Lula, por sua vez, não teve grande impacto.

No mercado de câmbio, o dólar fechou em alta de 1,34%, cotado a R$ 3,78, afetado pelo mau desempenho dos outros ativos e pela proximidade do vencimento na sexta-feira de US$ 1,955 bilhão de títulos cambiais.

Para o estrategista-chefe do HSBC Investment Bank, Dawber Gontijo, a queda da Bolsa e dos títulos da dívida deveu-se basicamente a um movimento de realização de lucros. O Ibovespa, por exemplo, subira 19,64% entre o dia 16 e a sexta-feira. O tombo da Bolsa foi acentuado, no entanto, por rumores de que algumas empresas enfrentam dificuldades financeiras, como a Globopar. A Net, a empresa do grupo que tem papéis negociados na Bovespa, fechou em baixa de 14,81%. Para Gontijo, o pronunciamento de Lula ficou dentro do esperado, e não influenciou os preços dos ativos brasileiros.

O diretor de Tesouraria do banco Lloyds TSB, Pedro Thomazoni, também atribuiu o movimento a uma realização de lucros, mas viu uma certa frustração dos investidores em relação ao discurso de Lula, por não trazer nenhuma novidade em relação às declarações recentes dos assessores do PT. ?Eu não esperava um discurso diferente, mas a magnitude da queda da Bolsa após o pronunciamento indica que alguns analistas aguardavam o anúncio de alguma medida mais concreta.? 

Para o diretor-executivo de Tesouraria do Banco Fator, Sérgio Machado, o impacto positivo das palavras tranqüilizadoras de integrantes do PT já se esgotou. Uma nova rodada de otimismo, afirma ele, depende agora de medidas mais concretas, como a indicação do presidente do BC e do ministro da Fazenda. Segundo operadores, há expectativa do mercado em relação à equipe de transição que deverá ser indicada amanhã porque deve fornecer pistas sobre o que será o governo do PT, mas os investidores querem mesmo é saber quem vai comandar a economia a partir do ano que vem. ?Os investidores têm dúvidas em relação ao significado da equipe de transição porque não deverá ser gerenciada por quem vai dirigir de fato a política econômica?, afirmou Machado.

No mercado de câmbio, o dólar ficou pressionado mais uma vez por causa de um vencimento de títulos cambiais. Desta vez, vence US$ 1,955 bilhão na sexta-feira. Como já se tornou regra há várias semanas, a queda-de-braço entre o mercado e o BC em torno do vencimento deve manter o câmbio sob pressão, uma vez que, para os detentores dos títulos, quanto mais alto o dólar, maior o ganho. A autoridade monetária vai fazer amanhã a primeira tentativa para rolar os papéis, oferecendo 24 mil contratos cambiais, com vencimento em 2 de dezembro deste ano e 15 de dezembro de 2004.

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