Bolha nos mercados já foi estourada, diz Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quinta-feira (16) que, apesar de adequada, a postura dos bancos centrais dos países desenvolvidos para conter a turbulência financeira não vai evitar o ajuste dos mercados. "A bolha já foi estourada. Nós vamos ter novos preços no mercado, com lucros menores para alguns bancos de investimentos. Teremos preços menores e riscos maiores onde devem haver riscos maiores", avaliou, em entrevista à Agência Estado.

Segundo o ministro, a atuação do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) e do Banco Central Europeu (BCE) está adequada para conter a turbulência nos mercados. "Eles estão garantindo a liquidez necessária neste momento. O Fed declarou que vai dar toda cobertura de liquidez que for necessária e esta é uma postura muito importante", afirmou.

"A postura dos BCs é positiva e ajuda a atenuar a crise e impede que ela se alastre por todo o sistema financeiro", acrescentou, destacando que a postura é diferente do passado, por exemplo, na crise de 1929, quando o Fed apertou ainda mais a liquidez, piorando gravemente aquela situação.

Corte dos juros

O ministro disse que, se a turbulência financeira piorar, o banco central norte-americano terá que cortar os juros. Ele reprovou as declarações de ontem do presidente do Fed em Saint Louis, Willian Poole. "Achei a declaração de um dos diretores do Fed (Poole) desnecessária, dizendo que vão baixar o juro só no momento de uma grande crise no mercado. Não acho que é isso que vai acontecer. Acho que se houver um agravamento da crise, o Fed vai ter que baixar os juros para se contrapor à alta dos juros de mercado, que ocorreu porque o crédito escasseou", afirmou.

Para ele, a turbulência ainda não afetou a economia real e só vai se tornar crise se isso vier a acontecer. "Que vai haver desaceleração na economia dos EUA é certo, porque lá é o epicentro da crise. A questão é saber se vai haver uma redução do crescimento na China, na Ásia como um todo e na Europa. Até agora, não houve sinais de que isso vai acontecer", afirmou.

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