São Paulo (das agências) – O dólar voltou a fechar abaixo dos R$ 2,30. Ontem, em uma sessão de forte baixa devido ao otimismo do mercado com o cenário econômico, a moeda norte-americana recuou 1,37% e fechou a R$ 2,297. Foi a primeira vez que o dólar encerrou abaixo de R$ 2,30 desde o dia 10 de agosto.
A notícia da possibilidade de o governo lançar uma captação externa em reais foi o principal fator de otimismo no câmbio. ?O Tesouro anunciou que deve sair emissão em reais… a notícia pegou o mercado de surpresa, ficou todo mundo animado e saiu batendo (no dólar)?, comentou Júlio César Vogeler, operador de câmbio da corretora Didier Levy. O risco Brasil, medido pelo banco JP Morgan, cedeu 16 pontos, para 368 pontos-básicos.
Outro fator que levou ao recuo do dólar foi a decisão do Banco Central de cortar a taxa básica de juros em apenas 0,25 ponto percentual, para 19,50%, anunciada anteontem. ?Esse corte da Selic foi pequeno, o juro continua alto, continua atrativo (ao investidor estrangeiro)?, comentou Vogeler.
O gerente de câmbio do banco Prósper, Jorge Knauer, disse ainda que, como muitos investidores apostavam em um corte maior, de 0,50 ponto percentual, a redução da quarta-feira pode sinalizar que os próximos cortes também serão pequenos. ?E aí aumenta a arbitragem?, afirmou, referindo-se ao movimento dos investidores de vender dólares para aplicar reais nos contratos de D.I.
Ingressos de recursos de exportadores e das recentes captações privadas anunciadas também reforçaram o declínio do dólar, disseram operadores.
Espera por Tesouro e BC
Analistas lembraram que o nível baixo da moeda norte-americana trouxe expectativas de que o Banco Central ou o Tesouro Nacional possam retomar as compras de dólares no mercado. ?Agora é monitorar para ver se o BC entra.. se é o nível que ele quer acima dos R$ 2,30?, comentou Vogeler, da Didier Levy.
O último leilão de compra de dólares feito pelo Banco Central aconteceu justamente quando a moeda norte-americana estava abaixo dos R$ 2,30, mas a autoridade monetária não aceitou nenhuma oferta. Com isso, muitos investidores enxergaram um piso psicológico nesse nível.
Já o Tesouro Nacional realiza suas compras de dólares através de um agente, normalmente o Banco do Brasil, sem informar ao mercado. Nos últimos dias, operadores têm citado a presença do banco na ponta de compra.