A queda de 0,50% nas vendas do comércio varejista em dezembro ante novembro no conceito restrito, que exclui os setores de automóveis e materiais de construção, não indica um cenário desastroso para o varejo nem que o comportamento daqui para frente seja de fragilidade. A avaliação é do economista-chefe do Bank of New York Mellon ARX Investimentos, Solange Srour Chachamovitz.
O resultado veio pior do que o esperado pelos economistas consultados pelo AE Projeções, que previam alta entre 0,20% e 1,50%. No confronto com dezembro de 2011, a expectativa dos analistas era de elevação de 6,00% a 8,00%. O Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), contudo, informou que houve crescimento de 5,00%.
Para a economista, a retração nas vendas em dezembro em relação ao mês anterior indica que o efeito do benefício do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) se esgotou, dado que alguns bens duráveis como os da linha branca e eletrodomésticos integram o segmento de supermercados, que não teve bom desempenho em dezembro.
“O impacto da redução do IPI já passou, teve muita antecipação de vendas e o crédito ainda não voltou como antes. Hoje a atividade de supermercados não está crescendo como no passado, mas também não é tão desastrosa. Simplesmente não está tendo um desempenho como antes”, avaliou. De acordo com o IBGE, as vendas de supermercados cederam 0,30% em dezembro frente a novembro.
De acordo com Solange, as medidas de estímulo à economia foram importantes para impulsionar as vendas no decorrer do ano passado. Segundo ela, as vendas do comércio varejista em 2013 deverão ficar abaixo do observado em 2012, quando encerrou com crescimento de 8,4%.
“A princípio não deve ser ruim, mas também não deverá ser nada extraordinário. O varejo deve ter começado o ano em linha com o que era esperado, sem acúmulo forte de estoque, mesmo porque não estava tão estocado. Não há indícios de grandes melhoras, mas espero que as concessões de crédito acelerem, pois estão paradas há algum tempo”, comentou.