O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) terá em mãos um estudo para a reestruturação da Embratel. O trabalho foi elaborado pela consultoria inglesa Spectrum e será enviado ao BNDES pela Brasil Telecom, que pretende comprar indiretamente a Embratel com a Telemar e a Telefônica. A Embratel, por sua vez, nega que esteja à venda e acusa as concorrentes de tentar inviabilizá-la.
O objetivo da Brasil Telecom, que tem liderado o processo de intenção de aquisição da Embratel, é dividir as atividades dessa operadora em três regiões: o Centro-Oeste ficaria com a própria Brasil Telecom, o Estado de São Paulo, com a Telefônica, e o resto do país, com a Telemar.
O estudo para a reestruturação da Embratel teve a supervisão do economista Roberto Mangabeira Unger, guru do ex-candidato à Presidência da República Ciro Gomes.
Além de dividir a Embratel em áreas de atuação que seriam absorvidas pelas três operadoras de telefonia fixa, criando praticamente monopólios da Brasil Telecom, Telefônica e Telemar nessas regiões, essas três empresas teriam outro objetivo: transformar a Embratel num centro de estudos de novas tecnologias.
O estudo da Spectrum a ser apresentado ao BNDES servirá também como instrumento para convencer o banco a entrar com recursos no projeto de compra da Embratel. A instituição responsável pela operação de aquisição da operadora é o banco de investimentos Bassini, Playfair, Wright.
O Bassini, Playfair, Wright criou o fundo de investimentos Latin America Restructuring, que visa a compra e reestruturação de empresas de telecomunicações latino-americanas. Um dos seus objetivos é conseguir levantar US$ 330 milhões. Ao menos parte dos recursos seriam usados para a compra da Embratel.
A Embratel tem uma dívida de curto prazo de R$ 2,4 bilhões. A empresa tem negado que esteja negociando sua venda. Segundo ela, as três operadoras trabalham para inviabilizar suas novas operações com ligações locais. O BNDES afirmou ontem que não tinha nenhum diretor para comentar o assunto.