O BNDES suspendeu a liberação de financiamentos de cerca de R$ 228 milhões para o grupo Schincariol devido às recentes acusações de sonegação fiscal. Segundo a Receita Federal, a empresa estaria envolvida num esquema responsável pelo desvio de R$ 1 bilhão dos cofres públicos nos últimos 5 anos. Por esse motivo, foram presos na semana passada oito diretores e cerca de 60 funcionários da empresa durante a ?Operação Cevada?.
A assessoria do BNDES informou que o departamento jurídico do banco optou pela suspensão dos empréstimos para avaliar a situação do grupo Schincariol. Os financiamentos foram aprovados em fevereiro último e uma ?pequena parcela?, não especificada pela assessoria, já tinha sido liberada.
Os recursos se destinam à construção de duas fábricas de cerveja, água mineral e refrigerantes nos municípios de Benevides (PA) e Igrejinha (RS), o primeiro no valor de R$ 122 milhões e o segundo, de R$ 106 milhões. Os recursos correspondiam a praticamente metade dos investimentos totais, sendo que o restante seria completado com caixa próprio da Schincariol.
Os recursos seriam repassados pelo Bradesco, no âmbito de um consórcio do qual também fazem parte o Itaú BBA, o Unibanco e o Banco do Brasil.
Ainda segundo o banco, as fábricas iriam aumentar em 16% a capacidade instalada de produção do grupo Schincariol, hoje em 27,4 milhões de hectolitros por ano. O grupo detém 14% do mercado nacional de cerveja e possui sete fábricas, espalhadas pelo interior paulista, Rio de Janeiro, Goiás, Bahia, Rio Grande do Sul e Maranhão.
A assessoria da Schincariol informou que não poderia se pronunciar sobre o bloqueio dos empréstimos pois os diretores da cervejaria continuam presos na Polícia Federal.
Desemprego
O fantasma do desemprego assusta funcionários da Schincariol, em Itu, no interior de São Paulo. A tensão aumentou ainda mais esta semana, com o adiamento do início da produção da cerveja Glacial, prevista para começar dia 22. A fabricação da bebida em lata também parou por falta de matéria-prima.
?Desde que a diretoria foi presa só vi entrar na fábrica duas carretas de cevada. Por enquanto, temos estoques para abastecer os distribuidores. Mas quando isso acabar não sei o que será de nós?, desabafou um empregado com 15 anos de serviço na empresa.
O temor manifestado por ele tem sido comum entre os funcionários da Schin desde a semana passada, quando a diretoria da empresa foi presa sob a acusação de crimes de sonegação fiscal que chegariam a R$ 1 bilhão. A maioria dos empregados afirma que tem evitado fazer dívidas ou até já desistiu de projetos por causa do futuro ainda incerto.
Os diretores presos são os únicos autorizados a efetuar grandes movimentações financeiras na empresa. Por conta disso, a maioria dos fornecedores tem evitado entregar matéria-prima para a produção da cerveja. A prisão temporária dos acusados venceu ontem, mas a polícia pode pedir a prorrogação do período ou mesmo a prisão temporária deles.
A fábrica da Schin gera 2.500 empregos diretos – 1.250 dos quais para casados – e outros 4 mil indiretos, beneficiando cerca de 10 mil pessoas. Além disso, a indústria é responsável por 10% da arrecadação de impostos municipais.
