Para compensar as devoluções do BNDES ao Tesouro Nacional, o diretor financeiro do banco, Carlos Thadeu de Freitas Gomes, defendeu nesta quarta-feira que a instituição deve captar mais recursos externamente. Segundo Thadeu de Freitas, o BNDES não pode “contar com ele (Tesouro) para sempre”. “Vai compensar um pouco essa saída gradual e lenta do Tesouro do funding do banco”, declarou.
Thadeu de Freitas participa de uma audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado Federal que investiga denúncias de irregularidades no BNDES. Conforme reportagem do Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), publicada na terça-feira, a equipe econômica do governo vai pedir a devolução antecipada de mais cerca de R$ 100 bilhões de empréstimos de longo prazo. O BNDES já devolveu R$ 100 bilhões ao Tesouro no final do ano passado.
“O Tesouro Nacional tem suas necessidades orçamentárias, ele não pode deixar de, eventualmente, em momentos de déficits primários muito elevados, pedir ao banco que devolva parte desses recursos. Então o banco, que tem um funding externo muito bom, à medida que esses recursos do Tesouro comecem a ficar menos importantes, ainda são muito importantes para o banco e vão continuar, mas não podemos contar com ele para sempre, e vamos então captar mais nos recursos externos, já que o banco sempre foi um captador no mercado de capitais internacional”, declarou o diretor.
Em sua explanação inicial, Thadeu de Freitas disse que, embora o Brasil não tenha feito ajuste interno, fez bom ajuste na área internacional, e agora tem um déficit de menos de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em conta corrente. “Estamos nadando na área internacional, no ajuste externo. Infelizmente, o que falta é o ajuste interno que, por sua vez, é viável.”
Ele também avaliou que o mercado de crédito brasileiro está focado no curto prazo e o BNDES é responsável por “compensar essa atrofia”. A seu ver, porém, esse problema só será resolvido quando o Brasil entrar numa trajetória sustentável da dívida interna. “O Brasil é escravo do curto prazo. Isso gera distorções. o BNDES tem papel fundamental, sem ele, não tem crédito de longo prazo.”