O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, confirmou nesta sexta-feira (5) ter recebido do governo federal a incumbência de coordenar estudos para o modelo de concessão dos aeroportos internacionais Tom Jobim, o Galeão (RJ), e Viracopos (SP) à iniciativa privada. “É uma decisão muito sensata”, disse Coutinho, referindo-se à privatização das duas unidades. Ele não descartou também a possibilidade de a instituição vir a financiar os concessionários privados dos dois aeroportos. “Se houver um concessionário privado, como sempre o BNDES pode ajudar. Como é o seu dever ajudar a promover a infra-estrutura no Brasil.”
Ele salientou a importância dos dois aeroportos para o sistema aeroportuário do país. Disse que o banco realizará estudos para a modelagem do processo de privatização. Os resultados serão apresentados ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, e ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, “para que a escolha final seja feita”.
Coutinho ressaltou que o BNDES se encarregará da modelagem técnica. “Nós vamos fazer isso com todo o empenho, para recuperar o tempo, para que a gente possa ter investimentos nos dois aeroportos”. Por causa da complexidade dos projetos, em especial o de Viracopos, que exigirá praticamente a construção de um novo aeroporto, ele não acredita que os estudos possam ficar prontos até o final deste ano. A determinação do presidente Lula, acrescentou, é que não se pense nos próximos dez anos, mas sim em 30 anos.
O presidente do banco ponderou que até o primeiro trimestre de 2009 o trabalho poderá ser concluído. “Porque a gente tem que estimar a demanda, fazer um projeto básico, depois partir para um projeto executivo. E temos que ter toda a apuração de custos. Não é uma coisa tão simples”.
Coutinho avaliou que os recursos obtidos recentemente do Tesouro Nacional como parte do processo de capitalização do banco, no valor de R$ 15 bilhões, “são suficientes para 2008 e para uma parte de 2009”. O orçamento previsto do BNDES para investimentos este ano atinge R$ 80 bilhões. Ele admitiu, contudo, que o banco ainda terá que trabalhar para completar o orçamento para o próximo ano, cujo montante não comentou. “Isso se a economia continuar crescendo tanto, como eu espero que continue”.
Indagado se o ritmo do crescimento dos desembolsos do BNDES havia sofrido redução, Coutinho respondeu que poderia se tratar de uma flutuação. “Estava em um ritmo muito alto. Nada consegue crescer a 30% ou 40% indefinidamente. Em algum momento, tem que acomodar”. Ele descartou, entretanto, que isso signifique retrocesso. “Significa que você chegou àquilo que é um ritmo sustentável”. Os desembolsos do BNDES nos 12 meses encerrados em junho mostraram aumento de 34%, somando R$ 78,8 bilhões. Os números divulgados ontem (4), referentes ao período de agosto de 2007 a julho deste ano, mostram incremento de 30% nas liberações de recursos pelo BNDES.