O governo voltou a demonstrar publicamente preocupação com a situação financeira da Varig. Ontem, o ministro da Defesa, José Viegas, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, admitiram a possibilidade de que o banco venha a fazer algum aporte de recursos na empresa. Lessa, no entanto, observou que isso dependeria de muitas condições.

?Sempre há possibilidade de aporte, mas o aporte não se dá em abstrato, se dá em cima de uma proposta concreta, de uma solução concreta. E existem muitas pendências na Varig que não são pendências equacionáveis pelo BNDES?, observou.

Para o ministro, o apoio do BNDES à Varig passa pela reestruturação da empresa aérea. Segundo Viegas, também existe a possibilidade de investidores privados se interessarem por uma Varig reestruturada. ?E é nesse contexto que podemos ver a possibilidade de um eventual aporte de recursos para a empresa. Para isso, é preciso criar essas condições favoráveis e continuamos empenhados neste propósito?, disse o ministro, depois de participar da assinatura de convênio entre o ministério e o BNDES para a liberação de R$ 4,5 milhões para o programa Calha Norte.

Viegas informou que anteontem participou de uma reunião na Casa Civil da presidência para discutir os problemas financeiros da Varig, com os ministros José Dirceu, Antônio Palocci, da Fazenda e Walfrido Mares Guia, do Turismo. No final do encontro foi constituído um grupo de trabalho para apresentar sugestões.
Segundo fontes do Planalto, a situação da companhia também preocupa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem a imagem da Varig e do próprio País se confundem.

Embora a idéia de fusão entre a Varig e a TAM não tenha avançado, Lessa defendeu a manutenção do acordo operacional entre as duas empresas para compartilhamento de vôos (?code share?). Em maio, a Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda recomendou a suspensão do acordo ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Para a Seae, o acordo é uma prática anticoncorrencial que prejudica o consumidor, mas segundo Lessa ele é uma forma de evitar a quebra das empresas e o desaparecimento das companhias nacionais.

Net

Lessa recusou-se a comentar as negociações de compra de ações da Net pela empresa mexicana Telmex, dizendo que vai aguardar informações oficiais da Globopar, controladora da Net, que também tem o BNDESPar no seu capital. ?Eu vou esperar o Globopar, se houver alguma coisa nós comunicaremos oficialmente ao País?. Ele esquivou-se também de falar sobre os atritos com o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. Segundo ele, não há nenhum estremecimento entre os dois. ?Não há celeuma nenhuma. Vocês da imprensa constróem pautas e repercutem pautas? disse aos jornalistas.

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