O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) afirmou nesta sexta-feira, 24, que “não identificou nenhum fato relevante” em investigação interna sobre supostas operações financeiras ilícitas para favorecer a JBS. Em nota, o BNDES destacou que instaurou uma Comissão de Apuração Interna sobre o caso e que “não identificou nenhum fato relevante, conforme consta de suas demonstrações financeiras publicadas em 30 de junho deste ano”.
Na quinta, 23, a Polícia Federal concluiu o inquérito da Operação Bullish e indiciou o ex-presidente do banco Luciano Coutinho por supostamente participar de esquema que teria provocado um rombo de R$ 1 bilhão.
A PF indiciou Coutinho por crime contra o sistema financeiro, quadrilha, lavagem de dinheiro e patrocínio de interesses privados perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário.
Além de Coutinho, a PF enquadrou criminalmente o empresário da JBS Joesley Batista e os ex-ministros da Fazenda nos governos Lula e Dilma, Antônio Palocci e Guido Mantega.
Joesley foi indiciado por crime contra o sistema financeiro, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Palocci por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Mantega, que a PF afirma ter feito o papel de “agente duplo”, por crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro, quadrilha e corrupção passiva.
Sobre o ex-presidente do BNDES, a PF pontuou no relatório final. “Desse modo, e por todo o conjunto de provas materiais e testemunhais, conclui-se que o ex-presidente Luciano Galvão Coutinho aceitou e assumiu a tarefa de encabeçar a instituição com o intuito de garantir a continuidade de um ciclo de retroalimentação de propinas, inaugurado na gestão de Guido Mantega à frente do BNDES. Reitere-se que as doações apenas foram possíveis com investimentos muito maiores do que o necessário para atingimento das finalidades de internacionalização da JBS S/A.”
O banco, na nota divulgada nesta sexta, afirmou que “tomou conhecimento pela imprensa dos recentes desdobramentos da Operação Bullish”. “O banco ainda não teve acesso ao relatório da Polícia Federal. A instituição sempre colaborou com as autoridades e continuará prestando todas as informações solicitadas nas demais etapas do processo, que agora será avaliado pelo Ministério Público Federal”, diz o texto.
O BNDES informou, ainda, que também contratou uma auditoria internacional independente, conduzida pelos escritórios Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP, dos EUA, e o brasileiro Levy & Salomão, “com largas experiências em temas financeiros complexos, para aprofundar as investigações internas e dar maior segurança às suas informações financeiras, auditadas pela KPMG e Grant Thornton”.
“O Banco acompanha o trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público, do Poder Judiciário e das instituições de controle do Estado brasileiro, na crença de que, ao final, os fatos serão adequadamente esclarecidos à sociedade”, afirma a instituição.
O BNDES destacou que “reitera a confiança na impessoalidade de seus processos colegiados e na integridade de seu corpo técnico”.
Sobre Mantega, a PF cravou. “O papel do ex-ministro Guido Mantega foi o de um verdadeiro agente duplo, pois, ao mesmo tempo em que era o “gerente de projeto” da internacionalização da empresa Friboi – JBS S/A., desde a concepção inicial do projeto, era também o responsável pela edição de atos e políticas governamentais que garantiram a execução desse projeto.”
Em outro trecho do relatório da Operação Bullish, a PF ainda diz sobre Mantega. “Por, na condição de ministro da Fazenda, ter favorecido em decisões macroeconômicas do governo a empresa Friboi- JBS S/A ao mesmo tempo em que atuava como uma espécie de lobista do empresário Joesley Mendonça Batista no governo federal (agora sem a atuação de intermediários), promovendo reuniões junto ao ex-presidente do BNDES Luciano Galvão Coutinho e gestores de Fundos de Investimento, acelerando tramitações, destravando eventuais embargos que surgissem nos projetos de investimento, conforme narrativa de Joesley Mendonça Batista, corroborada pelas provas colhidas nos autos e também na Operação Sépsis, compartilhadas com essa investigação.”
A PF destaca o que a levou a indiciar Palocci. “Em razão de ter recebido da JBS S/A o valor de quase R$ 2,5 milhões, enquanto exercia o mandato de deputado federal da base do governo, a título de ‘consultoria’, em contratos firmados com a Projeto Consultoria, representada por sua secretária, Rita de Cássia dos Santos.”
Defesa do BNDES
O BNDES disse que tomou conhecimento pela imprensa dos recentes desdobramentos da Operação Bullish. “O banco ainda não teve acesso ao relatório da Polícia Federal. A instituição sempre colaborou com as autoridades e continuará prestando todas as informações solicitadas nas demais etapas do processo, que agora será avaliado pelo Ministério Público Federal.”
O BNDES diz que instaurou uma Comissão de Apuração Interna sobre o caso, que não identificou nenhum fato relevante, conforme consta de suas demonstrações financeiras publicadas em 30 de junho deste ano. “O Banco também contratou uma auditoria internacional independente, que está sendo conduzida pelos escritórios Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP, dos EUA, e o brasileiro Levy & Salomão, com largas experiências em temas financeiros complexos, para aprofundar as investigações internas e dar maior segurança às suas informações financeiras, auditadas pela KPMG e Grant Thornton”, diz a nota da Assessoria de Imprensa.
“O Banco acompanha o trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público, do Poder Judiciário e das instituições de controle do Estado brasileiro, na crença de que, ao final, os fatos serão adequadamente esclarecidos à sociedade.” Por fim, o BNDES reitera a confiança na impessoalidade de seus processos colegiados e na integridade de seu corpo técnico.
Defesa de Luciano Coutinho
“O ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho, manifestou total surpresa em relação à decisão da Polícia Federal e reitera que todos seus atos e procedimentos frente à administração pública sempre foram pautados pelo rigor de conduta, integridade, impessoalidade e respeito à lei. Ele não teve acesso ao relatório da PF e aguarda o desenrolar das investigações com tranquilidade.”
Defesa de Joesley
O advogado André Callegari, defensor de Joesley, diz que “a investigação contou com a colaboração de Joesley Batista para a elucidação dos fatos. Além do conteúdo trazido no acordo firmado com o Ministério Público, o colaborador apresentou neste inquérito detalhes de todos os fatos ilícitos dos quais tinha conhecimento. Mais de 10 horas de depoimentos foram prestadas por Joesley Batista à PF e todas as provas requisitadas foram apresentadas, cumprindo integralmente sua parte no acordo de colaboração. Espera-se que, passada a fase policial, o Ministério Público igualmente cumpra com as obrigações assumidas”.
Defesa de Guido Mantega
A reportagem fez contato com a defesa do ex-ministro Guido Mantega e aguarda retorno.
Defesa de Antonio Palocci
A reportagem está tentando localizar a defesa do ex-ministro Antonio Palocci.