A Eletrobras terá que zerar as dívidas que as distribuidoras de energia elétrica que serão privatizadas têm com a estatal, informaram executivos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), explicando que esta foi a única maneira de viabilizar a venda das endividadas empresas localizadas nos estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Piauí, Roraima e Alagoas. De acordo com o superintendente de Desestatização do banco, Rodolfo Torres, e a chefe do departamento de Desestatização, Lidiane Gonçalves, as concessionárias serão vendidas em leilão entre o final de março e começo de abril de 2018, pelo preço simbólico de R$ 50 mil, devido ao grande endividamento.

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O banco é o gestor da venda cujos estudos foram desenvolvidos também pelo Consórcio Mais Energia B (PwC Brasil, Strategy&, Siglasul e Loeser e Portela Advogados Associados), contrato pelo BNDES. A incorporação da dívida será feita após o leilão das distribuidoras, mas assegurada em assembleia antes do certame, para garantir que o novo dono não carregue o endividamento total.

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“Foi um processo super complexo pela própria natureza dos ativos, a Eletrobras terá que fazer um esforço para zerar as dívidas, sem isso não daria para viabilizar a venda”, explicou Torres, lembrando que se a venda das distribuidoras não fosse realizada seria bem pior para a Eletrobras, que teria que arcar com a totalidade da dívida de R$ 20,8 bilhões. A ideia é que parte do passivo fique com os novos donos.

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“A dívida poderia não ser paga. Além da metade (da dívida) ficar com os novos donos, vai virar dívida boa, agora com expectativa de pagamento”, disse a gerente.

A Eletrobras, que também está na mira da desestatização, terá que realizar uma assembleia para decidir como vai converter a dívida em capital. A empresa poderá ficar com até 30% das distribuidoras após o leilão.

“Ela vai ficar com uma ação comum das empresas e depois do leilão avaliar o plano de negócios de quem comprou e decidir se vai querer ficar com 30% do capital”, disse Gonçalves.

Os executivos afirmaram que fundos de investimentos nacionais e internacionais já demonstraram interesse em participar do leilão, e que as distribuidoras de Alagoas e do Piauí são as mais atrativas. Outras menos atraentes, como a do Acre e de Roraima, darão direito, a quem comprá-las, a entrar na disputa no viva-voz do leilão das mais procuradas, se isso ocorrer.

Eles informaram ainda que o “data room” com informações sobre as companhias será aberto no final deste mês e o edital de venda publicado em fevereiro de 2018.