Pra tentar reverter a queda no crédito para micro e pequenas empresas (MPEs) que ocorreu nos últimos anos, o Sebrae e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinaram nesta quarta-feira, 17, um acordo de cooperação em financiamento, garantias e orientação que pode beneficiar até 280 mil empresas de menor porte. Um dos objetivos é facilitar a concessão de empréstimos com recursos do banco de fomento por meio de parcerias com as chamadas “fintechs de crédito” – empresas de tecnologia que propõem soluções para tornar as finanças um terreno mais amigável.
De acordo com dados do Banco Central, o volume de crédito concedido para micro e pequenas empresas caiu bastante nos últimos quatro anos. Entre 2014 e 2017, os bancos públicos e privados reduziram os empréstimos em 33% para as micro e em 29% para as pequenas firmas.
Com o acordo assinado nesta quarta, o Sebrae e o BNDES estimam que os financiamentos para MPEs cheguem a R$ 6 bilhões nos próximos dois anos. A parceria pretende beneficiar até 150 mil microempreendedores individuais (MEIs), 90 mil microempresas e 40 mil empresas de pequeno porte.
Com a entrada em vigor da Taxa de Longo Prazo (TLP) no começo deste ano para remuneração dos empréstimos concedidos pelo BNDES, o banco adotou mudanças operacionais que adequaram a classificação de pequenos negócios à legislação vigente. Ou seja, considerando um faturamento anual de até R$ 81 mil para MEIs, R$ 360 mil para micro empresas e R$ 4,8 milhões para as pequenas.
“Temos criticado bastante o sistema de crédito no Brasil, principalmente a concentração no sistema financeiro no Brasil. Os bancos se tornaram grandes demais para atender os pequenos. E criticamos o BNDES por concentrar seus recursos no universo das grandes empresas”, afirmou o diretor-presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.
Segundo ele, a parceria firmada nesta quarta quer fazer com que os recursos cheguem também aos micro e pequenos empreendedores. “Não é simplesmente assinar um convênio com o BNDES, mas fazer acontecer. Temos que ter fintechs que saibam trabalhar com microcrédito para MEIs. Queremos fazer um projeto piloto em 30 dias”, completou.
O diretor das áreas de administração, comércio exterior, fundos garantidores e operações indiretas do BNDES, Ricardo Luiz de Sousa Ramos, explicou que a parceria busca a digitalização, agilização e simplificação do acesso ao crédito para o segmento. Ramos prometeu ainda que BNDES passará a compartilhar parte do risco de crédito desse segmento.
“Estamos eliminando burocracias até a metade deste ano e todas as linhas que chegam aos agentes financeiros serão ‘automáticas’. Com isso melhoramos muito a nossa integração com os nossos parceiros”, avaliou.
Ramos afirmou que o BNDES fará uma chamada de fintechs em vários eixos, incluindo educação financeira, leilão reverso e análise de crédito. “Temos que ter vários agentes econômicos e financeiros tentando resolver o problema”, concluiu.