Rio (AE) – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e as maiores federações de indústrias do País pregaram ontem a redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que se reúne semana que vem. Os representantes analisaram que o crescimento da economia previsto para 2005, ao redor de 3,5%, é ?insuficiente? e que é preciso trabalhar para o País crescer acima de 5% ao ano.
O presidente do BNDES, Guido Mantega, que nos últimos meses vinha pregando a redução da taxa Selic, o que acabou ocorrendo este mês, argumenta que a TJLP espelha as evoluções do risco-país e da inflação futura e que as duas variáveis estão em ?trajetória descendente?. ?Ela (TJLP) tem condições de ser reduzida?, afirmou, citando que as projeções de mercado são de taxa Selic de 18% até o fim do ano (está em 19,50%), ?o que significa que haverá quedas consecutivas?.
?Haveria, assim, queda de 1,5 ponto porcentual (na Selic). É natural que se pense também numa redução da TJLP. Senão, barateia o consumo, encarece o investimento. Você estaria causando um desequilíbrio entre oferta e a demanda. Acredito e espero que ocorra (o corte da TJLP)?, disse Mantega, que preferiu não estimar um novo nível para a taxa. Ontem, a exemplo do que já havia feito com economistas, o BNDES reuniu representantes das federações industriais para discutir a conjuntura econômica.
Meta de inflação
Durante a entrevista, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, defendeu a ampliação do CMN para que as decisões sobre meta de inflação, por exemplo, não fiquem apenas restritas aos ministérios da Fazenda, Plajenamento e Banco Central (BC). Quer, por exemplo, a participação dos ministros do Trabalho, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e representantes da sociedade. Também participaram do encontro os presidentes das federações do Rio, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Mantega afirmou que a fixação da meta de inflação ?é uma decisão de governo?. Segundo ele, ?tudo é decidido com o presidente?, citando que assuntos delicados de pollítica econômica, como a meta de inflação e a proposta orçamentária, são levados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente do banco indicou que as metas inflacionárias, dentre outros assuntos, são tratados também na Câmara de Política Econômica, que reúne os principais ministros da área.
Para o diretor do BNDES Antonio Barros de Castro, a discussão econômica evoluiu. ?A problemática é que (crescimento de) 3,5%, 4%, é uma espécie de piso. Ainda que sustentável, não satisfaz?, argumentou. Ele mostrou dados que indicam que a indústria está mantendo crescimento por 26 meses seguidos, sem ?vícios? ou ?artificialismos?, como na década passada. Mantega chegou a citar que o crescimento pós-Real se deu com aumento da dívida externa e distorções causadas pela âncora cambial.