O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) comunicou, em nota, que decidiu suspender em caráter preventivo todas as operações com a empresa Cosan. A decisão foi tomada após o banco tomar conhecimento da inclusão da companhia no cadastro de empregadores que tenham mantido trabalhadores em condições análogas ao trabalho escravo, do Ministério do Trabalho.
De acordo com a nota, a celebração de novos contratos com o BNDES fica condicionada à exclusão da companhia do referido cadastro. A respeito dos contratos em fase de desembolso, a retomada das liberações dependerá da avaliação do BNDES quanto à efetividade e suficiência das medidas trabalhistas e legais a serem implementadas pela empresa com vistas à superação do problema.
Já o Banco do Brasil e a Caixa informaram hoje que não têm relacionamento comercial com a Cosan. Segundo as assessorias de imprensa do BB e da Caixa, a companhia produtora de álcool e açúcar não é cliente dos dois bancos e, por isso, as instituições não tomarão qualquer medida contra a empresa. BB e Caixa são signatárias de um pacto contra o trabalho escravo que suspende a oferta de crédito para as empresas que usem esse tipo de mão de obra ilegal.
A Cosan informou hoje que adotará todas as medidas necessárias para excluir seu nome do Cadastro de Empregadores Acusados de Trabalho Escravo do Ministério do Trabalho, também conhecida como “lista suja”, em que foi incluída no dia 31 de dezembro de 2009. A companhia do setor sucroalcooleiro disse que a inclusão do seu nome na lista não era de seu conhecimento e considerou a inclusão um “ato abusivo e intempestivo”.
Segundo Marcelo Campos, auditor fiscal do trabalho e assessor da Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho, a inclusão da Cosan na lista deveu-se à ocorrência registrada em junho de 2007, na usina Junqueira, em Igarapava, norte paulista, próximo da divisa com Minas Gerais, que foi adquirida pela Cosan em 2002.
Campos explica que a inclusão da Cosan na lista não foi fruto de apenas uma infração, mas “de um conjunto delas”. “Não iríamos enquadrar a empresa só porque faltam lençóis ou porque o banheiro está sujo”, disse. Segundo ele, a situação encontrada na usina configurou as situações de servidão por dívida e de trabalho degradante, o que levou a inclusão do nome da Cosan na “lista suja” depois de dois anos de processos administrativos. “Estes processos demoram de dois a dois anos e meio”, disse.