Rio – Foram cinco os empréstimos concedidos pelo Banco BMG ao PT e a empresas ligadas ao empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, entre fevereiro de 2003 e julho de 2004, e somam R$ 43,6 milhões. Somente um deles, de R$ 12 milhões, contraído pela agência de publicidade SMP&B, foi quitado. O do partido vence dia 22 e os três restantes, à SMP&B, Graffiti Participações e o escritório de advocacia Rogério Tolentino, em 1.º de setembro. O banco prepara a execução extrajudicial de todos, caso não sejam honrados no prazo estipulado. Somente o principal da dívida chega a R$ 31,6 milhões, sem contar juros e mora.
A operação à legenda, de R$ 2,4 milhões, é o de valor mais baixo e foi amortizado seis vezes, com pagamentos de juros no montante aproximado de R$ 1 milhão. Um total de cinco amortizações foi feito pela sigla e a última, em 14 de julho de 2004, por Valério, que avalizou o empréstimo ao lado do ex-presidente nacional da agremiação José Genoino e do ex-secretário nacional de Finanças e Planejamento Delúbio Soares. Valério pagou a parcela de R$ 350 mil, 10% do valor da nova operação obtida por ele, no mesmo dia, para a SMP&B, de R$ 3,5 milhões.
Há outras datas coincidentes no empréstimos do BMG. Em 28 de janeiro de 2004, quando quitou o primeiro empréstimo feito pela SMP&B, de R$ 12 milhões, o empresário obteve do banco mais R$ 15,7 milhões em nome da Graffiti, empresa da qual a mulher dele, Renilda Santiago Fernandes, é sócia. "São operações de rolagem de dívida, comuns na prática bancária. Pega-se um empréstimo para pagar outro", afirma o advogado Sérgio Bermudes, contratado pelo BMG.
Valério aparece como avalista em três dos empréstimos; Renilda, nos outros dois; Cristiano Paz e Ramon Cardoso, sócios da SMP&B, acompanham Renilda em dois avais e Valério em outro, e o advogado Rogério Tolentino, sócio do empresário no escritório de advocacia, subscreveu outra operação.
"Cada empréstimo teve suas garantias, inclusive recebíveis, por contratos firmados com a SMP&B, o que é absolutamente comum em financiamentos bancários", diz o advogado Raphael Miranda, do escritório de Bermudes.