Brasília

– Os programas sociais do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, podem ter um reforço entre US$ 6 bilhões e US$ 10 bilhões do Banco Mundial (Bird), segundo anunciou ontem o presidente da instituição, James Wolfensohn. “O número é esse, mas essa não é a manchete”, brincou. “A manchete é: há uma mudança na cultura brasileira no combate à pobreza e à fome. Sem isso, US$ 6 bilhões a US$ 10 bilhões são só um curativo.” Após se encontrar com Lula, o coordenador-geral da transição do governo eleito, Antônio Palocci Filho, e o criador do programa Fome Zero, José Graziano, o presidente do Bird mostrou o entusiasmo.

“Senti que estava lidando com pessoas responsáveis, pessoas que têm um sonho e, para mim, essa é uma combinação genial”, afirmou. Ele disse acreditar que, se Lula combinar a “extraordinária visão sobre o País” com uma postura fiscal responsável, “esse pode ser um dos períodos mais interessantes da história do Brasil”. O porta-voz de Lula, André Singer, disse que o presidente eleito considerou a conversa “muito boa” e que o governo brasileiro e o Banco Mundial trabalharão em cooperação.

Wolfensohn disse que não foram discutidos nem números, nem programas específicos. “Mas estamos ansiosos para atuar em parceria”, afirmou. “Também estamos prontos a agir rápido e proporcionar um apoio significativo.” Os US$ 6 bilhões a US$ 10 bilhões são adicionais à carteira de US$ 4,5 bilhões que a instituição tem comprometida com o Brasil. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por sua vez, pôs US$ 12 bilhões à disposição do governo Lula. Tudo somado, a ajuda desses dois organismos internacionais para os programas sociais de Lula poderá chegar a US$ 26,5 bilhões.

Wolfensohn afirmou que só dinheiro não resolverá o problema da fome e da desigualdade no Brasil. Na avaliação dele, é necessário haver mobilização de toda a sociedade para enfrentar esses problemas. Outro requisito essencial é a manutenção da responsabilidade fiscal. No entanto, o presidente do Bird expressou confiança de que as duas coisas estão acontecendo no Brasil. Por isso, ele se disse otimista e pronto a ajudar com o dinheiro a experiência do banco.

Na opinião dele, Lula “tocou no ponto”, ao se apresentar como o presidente capaz de aliar “recursos com ações no País, não por um dia, mas por anos, e transformar a sociedade”. Wolfensohn acha que ganhou corpo a percepção de que a redução das desigualdades é algo de interesse geral. “Meu palpite é que muita gente no Brasil acredita nisso. Também acho que, se isso não for feito, haverá problemas significativos na América Latina.” Segundo o presidente do Bird, o combate à injustiça social, à pobreza e à fome é essencial para a manutenção da paz mundial.

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