Foto: Ricardo Stuckert/PR |
Presidente Lula e o governador Blairo Maggi, em inauguração de usina: muita gente interessada. |
O grupo franco-brasileiro Agrenco fez uma parceria com o grupo japonês Marubeni Corporation para investir US$ 190 milhões em energia, por meio da companhia Agrenco Bioenergia. As empresas construirão três complexos de bioenergia no Brasil, sendo três usinas de biodiesel, duas usinas de energia elétrica e duas indústrias de esmagamento de soja. Os locais escolhidos são as cidades de Alto Araguaia (MT), Caarapó (MS) e Céu Azul (PR), devido a parcerias com produtores locais e com a rede de ferrovias ALL, que também utilizará o biodiesel produzido.
?Escolhemos o Brasil não só por ser o país dos fundadores da Agrenco, mas por ser o único local no mundo que poderá ter sua produção ampliada duas ou três vezes em pouco tempo e sem danos à natureza?, diz o presidente da Agrenco, Antonio Iafelice. A intenção é que os três complexos comecem a produzir, em janeiro de 2008, cerca de 380 mil toneladas de biodiesel por ano, seguindo a regulamentação da União Européia.
Além de atender aos parceiros internos, a produção será voltada para a exportação. Já estão em andamento as negociações com a Prefeitura de Tóquio para que o biodiesel brasileiro (do tipo B-100) seja utilizado no transporte público da cidade. ?Também vemos um grande mercado na Europa, que estabeleceu metas de consumo?, diz Iafelice. Em janeiro, a União Européia se comprometeu a utilizar 10% de biocombustíveis (biodiesel ou etanol) misturados aos combustíveis tradicionais até 2010.
Biomassa
A energia elétrica dos três complexos da Agrenco Bioenergia será gerada por meio da queima de biomassa – o produto utilizado será o capim napier, gramínea também conhecida como capim-elefante. As empresas plantarão 10.000 hectares de napier para este fim. Muito utilizado na Europa, o capim-elefante produz mais energia do que o eucalipto, quando queimado.
A Marubeni investirá US$ 40 milhões na Agrenco Bioenergia, um ramo do Grupo Agrenco voltado à produção de bioenergia. As sementes oleaginosas serão compradas de produtores e cooperativas locais.
A Marubeni vai controlar 33% da companhia. Os demais 67% ficam com a Agrenco. É o primeiro investimento das empresas no setor. A Agrenco, cujo faturamento no ano passado ficou em torno de US$ 1,4 bilhão, é uma empresa de serviços para agronegócio (logística, exportação e distribuição, entre outros) que atua principalmente na área de soja. No Brasil foram originadas cerca de 95% das 1,6 milhão de toneladas de soja comercializadas pelo grupo em 2005.
Já a Marubeni Corporation é um colosso japonês com faturamento de US$ 67 bilhões em 2006 e atuação em 72 países nas áreas química, siderúrgica, logística, comunicação, finanças e energia. No Brasil, é dono da Cia. Iguaçu de Café Solúvel e opera terminais de soja em São Francisco do Sul (SC). Procurado pelo Estado, o grupo não quis se pronunciar.
Iafelice, da Agrenco, estava ontem na Coréia. Ele diz que existem planos também para o início de quatro projetos de produção de etanol em terras brasileiras. As negociações estariam em andamento com parceiros coreanos.