O economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, avaliou que a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada nesta quinta-feira, 12, é “praticamente idêntica à anterior”. “A única coisa que é informação nova é que, a despeito de o câmbio ter piorado, a projeção para a inflação em 2016, em ambos os cenários (referência e mercado) caiu e, ainda que nos dois cenários ela esteja acima de 4,5%, deve estar já próxima dos 4,5%”, disse. “Estamos na iminência de uma pausa no aperto, a depender do câmbio”, acrescentou.
Para ele, “a porta está aberta, para 0,25 ponto porcentual ou 0,50 ponto porcentual em abril”, referindo-se ao aumento da Selic por parte do Copom na próxima reunião. “Vai depender um pouco da evolução dos indicadores até lá”, disse, citando dados de inflação e atividade esperados.
Segundo Serrano, o câmbio é uma variável “importantíssima” para ser acompanhada também. “Na ata, o BC usou um câmbio de R$ 2,85 (cenário de referência) e parte do mercado pode acreditar que as informações em relação à inflação podem ficar ultrapassadas, dado que o dólar está hoje mais perto de R$ 3,10. Mas o adicional de inflação, ou impacto direto na inflação, é concentrado no ano de 2015, vale ressaltar, já que o movimento da moeda está ocorrendo no começo de ano e o real pode parar de se depreciar”.
Com isso, Serrano avalia que “não há motivo para mudarmos o 0,25 ponto porcentual que projetamos para a próxima reunião”, disse. “Mas o câmbio vai ser o diferencial”, completou.
Já na avaliação do Barclays, a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), no final deste mês, será “crucial” para determinar o rumo do atual ciclo de alta da taxa Selic. O banco diz que a ata da reunião de março do Copom trouxe pouca informação sobre a condução dos juros.
Para a instituição, o documento do BC publicado hoje continua deixando a porta aberta para outra alta de 0,50 ponto porcentual na Selic ou mesmo de 0,25 ponto porcentual no encontro de abril. Por enquanto, o banco estima Selic indo a 13,00% na próxima reunião, mas não descarta um aumento para 13,25% ao ano.
“O desempenho do câmbio, do PIB (Produto Interno Bruto) e da inflação serão cruciais para determinar o balanço de riscos para a reunião de 29 de abril. O BC não vê mais a inflação começando a diminuir este ano, de acordo com a ata de hoje. Por isso, será importante ver no RTI (as perspectivas para) o comportamento da inflação de 2016, e se ainda há uma convergência para o ponto médio da meta (4,5%)”, avalia, em nota, os economistas do Barclays.
No RTI, o banco espera que o BC atualize as projeções das principais variáveis econômicas para números mais perto da realidade, neste momento de aceleração da inflação – que está emergindo do enfraquecimento da taxa de câmbio e também devido à pressão dos preços administrados – e de enfraquecimento da atividade. “Nesse relatório, esperamos que as simulações de inflação utilizem insumos mais próximos dos níveis atuais, bem como traga uma visão atualizada para o crescimento neste ano”, aponta o relatório. tório.