O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, confirmou hoje que o governo vai anunciar amanhã a liberação de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a Petrobras. O ministro não mencionou o total de recursos. O anúncio será feito pelo presidente Luiz Inácio Lula Silva e o valor deverá ser de R$ 25 bilhões.

continua após a publicidade

No Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede provisória da Presidência da República, a assessoria do governo confirmou hoje que o presidente estará amanhã à tarde na sede do BNDES, no Rio de Janeiro, onde fará o anúncio da liberação de recursos. De manhã, Lula estará em São Paulo, onde tem um encontro, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com a presidente do Chile, Michele Bachelet.

Paulo Bernardo, questionado se a liberação de recursos para a Petrobras não seria uma forma de capitalizar a estatal, afirmou que a empresa é um bom cliente. “Para o BNDES é bom emprestar para a Petrobras. Para a Caixa (Econômica Federal), é bom emprestar para a Petrobras. Tem bancos japoneses e norte-americanos que gostam de emprestar para a Petrobras, ficaram momentaneamente combalidos, mas devem estar de olho grande para emprestar para a Petrobras.”

Sequelas mínimas

continua após a publicidade

O ministro do Planejamento repetiu hoje que, diante das circunstâncias geradas pela crise financeira internacional, as sequelas foram mínimas para a economia brasileira. Ele disse que o Brasil já saiu da crise por causa das medidas adotadas pelo governo. Ele disse que o déficit nominal nos Estados Unidos será de 13,5% do PIB. “Eles fazem isso por que são loucos? Não. É porque querem salvar a economia e depois vão ter de consertar esse déficit”, disse o ministro, ao chegar ao Ministério da Fazenda para a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Bernardo destacou que o Brasil não deu dinheiro do Orçamento para empresas quebradas, como ocorreu nos EUA. Segundo ele, o governo passou recursos para o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNDES emprestarem para o setor produtivo, mas que esses recursos retornarão na sua maior parte. Além disso, o ministro afirmou que essas medidas foram temporárias e que, em 2010, o País terá condições de fazer um superávit primário maior. “Estamos com uma situação fiscal muito confortável”, disse.

continua após a publicidade

Bernardo negou que os números da conta fiscal do governo sejam assustadores. Segundo ele, esse discurso faz parte de uma “ladainha” e é preciso ver o conjunto da obra. Ele lembrou, por exemplo, que o Bolsa-Família teve eficácia econômica porque a população de baixa renda sustentou o consumo, o que proporcionou um aumento das vendas do varejo e das encomendas da indústria.

FMI

Paulo Bernardo disse que levou um susto quando leu uma reportagem relatando que o Fundo Monetário Internacional (FMI) sugeria um alívio maior para o sistema fiscal brasileiro. “E os corneteiros que dizem o tempo todo que é preciso cortar (gastos)”, questionou. “Rasgaram a bíblia deles. Vão ficar sem cartilha, derrotados”, avaliou.

Indagado a respeito do resultado das contas públicas, divulgado hoje pela manhã, e que causou uma reação negativa no mercado financeiro, Bernardo fez um alerta a operadores e analistas. “O mercado fica fazendo apostas e isso dá prejuízo ao Brasil”, afirmou. Um pouco mais cedo, no entanto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, concedeu uma entrevista coletiva para comentar os dados do setor público e tranquilizar o mercado.