O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, reafirmou na noite de ontem que a economia norte-americana vai continuar a se recuperar, mas disse que o ritmo não será forte o suficiente para reduzir rapidamente o desemprego. “O mais provável é que teremos recuperação contínua, mas ela não será impressionante”, declarou, numa entrevista ao jornalista Sam Donaldson, da ABC News, no Woodrow Wilson Center.
Bernanke disse que a recuperação começou provavelmente em algum momento do final do verão passado (nos EUA). A notícia muito boa, acrescentou, é que os gastos dos consumidores e os investimentos das empresas parecem estar tomando o lugar dos declinantes estímulos governamentais na reabilitação da economia.
A economia dos EUA se recupera gradualmente de sua pior recessão desde a depressão da década de 30. Embora relatórios recentes tenham mostrado que os consumidores estão gastando e que as companhias estão investindo mais, a economia continua a sofrer com o alto desemprego e a escassez de crédito. Ao mesmo tempo, a crise da dívida europeia tem dificultado as condições financeiras no país.
Bernanke manifestou a preocupação de que, com a economia crescendo ao ritmo moderado de 3% a 3,5%, a taxa de desemprego demore a cair. O desemprego elevado, por sua vez, pode afetar os gastos dos consumidores, afirmou. O presidente do Fed mencionou também a escassez de crédito como o segundo obstáculo à recuperação.
A autoridade observou, porém, que “há alguns sinais de que o setor privado está assumindo o bastão” na reabilitação da economia, no lugar dos estímulos governamentais em queda. “Parece haver um bom impulso nos gastos dos consumidores e no investimento.”
O ritmo de criação de empregos em maio foi o mais rápido em uma década, mas os ganhos foram inflados com a contratação, pelo governo, de funcionários temporários para o censo de 2010. A contração pelo setor privado desacelerou e a taxa de desemprego caiu apenas moderadamente, de 9,9% para 9,7% entre abril e maio.
O ritmo moderado do crescimento está ajudando a manter os preços sob controle, permitindo que o Fed deixe as taxas de juros de curto prazo perto de zero ao ano, a fim de estimular a recuperação. A expectativa é que o Fed mantenha as taxas no menor nível da história em sua próxima reunião, nos dias 22 e 23.
Bernanke enfatizou que o banco central olha além da inflação e do desemprego para fixar as taxas de juros de curto prazo, destacando os mercados financeiros como um fator importante. Desde a intensificação da crise da dívida europeia, há um mês, o mercado financeiro dos EUA enfrenta dificuldades, o que aumenta a probabilidade de que o Fed adie a elevação dos juros. As informações são da Dow Jones.