Em discurso preparado para ser feito nesta manhã em Frankfurt, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Ben Bernanke, reconheceu que o dólar precisa ser enfraquecido ante outras divisas de mercados emergentes, porque essas economias estão crescendo muito mais rapidamente que as desenvolvidas. “O ajuste na taxa de câmbio está incompleto, em parte, porque autoridades em algumas economias emergentes intervieram nos mercados de câmbio externo para evitar ou desacelerar a apreciação de suas moedas”, disse.

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Embora em tom comedido, a mensagem do presidente do Fed foi surpreendentemente direta ao culpar a subvalorização cambial em países como a China pelas pressões inflacionárias em mercados emergentes e pelas tensões sobre o câmbio. “Por que autoridades em muitos mercados emergentes se comportaram contra a valorização de suas moedas para níveis mais consistentes com os fundamentos do mercado?”, perguntou. O próprio Bernanke respondeu que isso foi feito porque esses países acreditam que vão estimular as exportações e impulsionar o crescimento, mas essa estratégia está ameaçando o crescimento global.

Bancos centrais em muitos países intervieram no mercado de moedas para gerenciar as taxas de câmbio. À medida que dólares fluem para suas economias por meio das exportações, os bancos centrais guardam os dólares e os usam para comprar ativos como bônus do Tesouro dos EUA, em vez de convertê-los na moeda doméstica, o que faria essas moedas se valorizarem. Bernanke observou que, ao vender tantos yuans em troca de dólares para manter a divisa chinesa baixa, a China acumulou um grande estoque de US$ 2,6 trilhões de reservas em moedas estrangeiras, a maior parte de ativos em dólar.

Bernanke também tentou responder às críticas dizendo que o desemprego poderia continuar crescendo sem uma ação do Fed e destacando que a inflação está muito baixa e pode cair mais. Embora os críticos digam que a inflação pode subir por causa da decisão do Fed, Bernanke afirmou que está comprometido em manter a taxa em cerca de 2% ao ano. Atualmente a inflação está em torno de 1% ao ano, segundo a medida preferida do Fed – que exclui os preços dos alimentos e da energia.

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Emergentes

O presidente do Fed também rebateu as críticas de que sua política monetária fraca seja destinada a baratear o dólar. Bernanke argumentou que a China e outras economias emergentes estão causando problemas para elas mesmas e para o resto do mundo ao evitar que suas moedas se fortaleçam na medida em que suas economias crescem.

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Bernanke argumentou que, ao manterem as moedas artificialmente baixas, a China e alguns outros mercados emergentes estão permitindo que suas economias se superaqueçam e produzam o que ele chamou de “uma recuperação de duas velocidades” que não é sustentável. A estratégia desses países de “subvalorização das moedas”, alertou Bernanke, tem “efeitos colaterais importantes” para eles e para a economia mundial.

O presidente do Fed tem sido criticado pela decisão de comprar US$ 600 bilhões em bônus do Tesouro dos EUA em um esforço para reduzir as taxas de juros de longo prazo. Críticos dizem que a medida pode causar inflação nos EUA. Outros países argumentam que o fluxo de dólares que o Fed imprimiu para financiar as compras de títulos está levando os investidores a aplicarem dinheiro em outras economias, o que pode causar bolhas de ativos. Alguns têm acusado o Fed de tentar enfraquecer o dólar para estimular as exportações dos EUA.

Bernanke combateu esses argumentos, dizendo que as políticas do Fed são destinadas a fortalecer a economia dos EUA, o que em troca deve beneficiar a moeda norte-americana. Segundo ele, o status do dólar como porto seguro durante momentos de turbulência financeira, como a crise de dívida da Europa do ano passado, tem origem na força e na estabilidade que a economia dos EUA mostrou nos últimos anos. O fato de que, quando os investidores globais ficam nervosos eles preferirem o dólar a qualquer outra moeda, é algo bom, que os EUA querem manter, defende Bernanke.

“Totalmente ciente do importante papel que o dólar tem no sistema monetário e financeiro internacional, o Fed acredita que o melhor caminho para continuar oferecendo os fortes fundamentos que sustentam o valor do dólar, bem como dá suporte à recuperação global, é por meio de políticas que levem a uma retomada do crescimento robusto em um contexto de estabilidade de preços nos EUA”, afirmou. As informações são da Dow Jones.