O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, advertiu hoje os membros do Congresso dos EUA de que usar o teto de endividamento do governo como moeda de troca em barganhas políticas pode colocar a economia em risco. “Usar o limite de endividamento como moeda de troca é bastante arriscado”, disse Bernanke, durante audiência no Comitê Bancário do Senado sobre a implementação da Lei Dodd-Frank, de reforma da regulamentação do setor financeiro.
Na última segunda-feira, o presidente da Câmara, deputado John Boehner (Partido Republicano de Ohio) disse que qualquer elevação do limite legal de endividamento do governo dos EUA terá de ser acompanhada de trilhões de dólares em cortes de gastos, dando a entender que os republicanos só aceitarão votar uma ampliação no teto se o Partido Democrata, do presidente Barack Obama, aceitar reduções fortes nos gastos sociais. Líderes do Partido Republicano e representantes da Casa Branca estão discutindo um acordo que inclua metas rígidas para o déficit do governo e alguns cortes de gastos, de modo a obter votos suficientes de republicanos para aprovar uma elevação no limite de endividamento.
Segundo estimativa do Departamento do Tesouro, se o teto de endividamento, atualmente em US$ 14,294 trilhões, não for elevado, vários pagamentos terão que ser suspensos, limitados ou adiados a partir de 2 de agosto. Isso incluiria as pensões da Seguridade Social, os pagamentos do sistema de auxílio-saúde Medicare (para idosos), as restituições de impostos, os juros sobre a dívida e os benefícios do auxílio-desemprego.
Bancos
Bernanke disse ainda não estar seguro sobre se o Fed poderá elaborar uma norma que proteja os bancos pequenos dos novos limites para as tarifas de crédito. Durante a sessão de perguntas e respostas que se seguiu a seu depoimento inicial, o presidente do Fed afirmou que “há boas razões para preocupação” de que a isenção dos bancos pequenos não funcione na prática.
O presidente do Fed fez essas declarações em resposta a uma pergunta do senador Jon Tester (Partido Democrata de Montana), um dos principais críticos da nova norma para cartões de débito, que faz parte da Lei Dodd-Frank. A lei requer que o Fed emita uma norma estabelecendo um teto para as tarifas que os bancos podem cobrar do comércio todas as vezes em que um cliente usa cartão de débito para pagar por suas compras.
O Congresso incluiu na lei uma isenção de limites para os bancos pequenos e as cooperativas de crédito, mas as próprias instituições acreditam que as forças do mercado vão forçá-las a adotar as tarifas mais baixas impostas por seus concorrentes maiores.
Em dezembro do ano passado, o Fed anunciou uma proposta de norma que limitaria essas tarifas em US$ 0,12 por transação, ante os atuais US$ 0,44. O projeto de resolução deu início a uma atividade intensa de lobby dos bancos comunitários e das cooperativas de crédito, assim como dos bancos grandes, para que o Congresso simplesmente anule esse capítulo de defesa do consumidor da Lei Dodd-Frank. As informações são da Dow Jones.