Foto: Arquivo/O Estado |
Produção apresentou crescimento de 0,7% em agosto sobre julho. |
A indústria manteve a trajetória de ?recuperação discreta? em agosto, mas a categoria de bens de capital, que reflete os investimentos, mostrou forte reação no mês. Os dados de agosto mostram aumento de 0,7% na produção industrial no país em relação ao mês anterior e de 3,2% na comparação com igual mês de 2005 e revelam, segundo o coordenador de indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Silvio Sales, que os motores de crescimento do setor passam a ser os bens de capital e os bens intermediários, enquanto ?saem de cena? os bens de consumo.
Em agosto a indústria atingiu o nível de produção mais elevado ao longo da série histórica divulgada pelo IBGE desde 1991. E superou em 0,3% o último resultado recorde, que havia registrado em maio deste ano. O crescimento da produção de bens de capital ocorreu acima da média da indústria em agosto em todas as bases de comparação, com destaque para expansão de 2,8% ante julho e 7,4% ante agosto de 2005. As boas notícias em relação a essa categoria – ou seja, aos investimentos – prosseguem com a constatação de que, em agosto, a expansão desse grupo se ampliou também para as máquinas e equipamentos para fins industriais (14,3% ante agosto de 2005), o que não vinha ocorrendo até julho. Este é o segmento que sinaliza investimentos da indústria em expansão de capacidade produtiva.
Sales avalia que ?se a importação (de bens de capital) continua crescendo e a oferta interna também, significa que o bolo de investimentos na indústria aumentou?. Em quantidade, as importações de bens de capital cresceram 18,8%, em agosto ante igual mês de 2005. Segundo Sales, boa parte dos equipamentos importados estão voltados para expansão da capacidade industrial.
Bens de consumo
O câmbio, como vinha ocorrendo nos meses anteriores, manteve influência sobre a indústria nos resultados de agosto já que, segundo Sales, as importações de bens de consumo semi e não duráveis (calçados e têxteis) e duráveis (eletrodomésticos) estão afetando os dados de produção dessas categorias.
Segundo Sales, a recuperação da produção industrial é ?discreta? e não ocorre de forma mais acelerada porque há uma ?perda de dinamismo? de bens de consumo. Ele avalia que isso se deve a ?evidências de um certo esgotamento de ritmo forte das vendas do varejo, uma perda importante nas exportações de alguns setores, que crescem mais no preço do que na quantidade e, ainda, concorrência de produtos importados?.
A produção de bens de consumo semi e não duráveis caiu 0,9% em agosto ante julho e cresceu 1,2% ante agosto do ano passado, variação bem inferior aos 3,5% apurados em julho ante julho de 2005. Como exemplo da concorrência de produtos importados nessa categoria, Sales cita que as importações (em quantidade) desses bens cresceram 20,3% em agosto deste ano ante igual mês do ano passado.
No caso dos bens de consumo duráveis, o crescimento de 1,6% na produção em agosto ante julho compensou as quedas ocorridas nessa base de comparação nos três meses anteriores. Além disso, essa categoria registrou crescimento de 5,4% em agosto ante agosto do ano passado, mas Sales destacou que o crescimento está muito vinculado à indústria automobilística e segmentos importantes como eletrodomésticos de linha marrom (TV, som) e aparelhos celulares mostram perda de dinamismo, com quedas na produção. As importações em quantidade dos duráveis cresceram 93,5% em agosto ante igual mês do ano passado.
Mantega mantém previsão de alta do PIB em 4%
Brasília (AE) – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, prevê que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre deve ficar entre 1% e 1,5%. Para o quarto trimestre, o ministro faz previsão semelhante de expansão do PIB entre 1% e 1,5%. Ele manteve, por enquanto, a previsão de crescimento de 4% do PIB em 2006. ?É prematura uma revisão da previsão do ano?, afirmou o ministro, em entrevista à imprensa.
Segundo ele, o governo vai aguardar o comportamento da economia no terceiro trimestre para avaliar a necessidade de revisar a previsão. O ministro também fez uma estimativa de crescimento dos investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) de 7,5% a 8% em 2006. Ele considerou uma notícia favorável a divulgação ontem pelo IBGE, que indica crescimento de 2,8% dos investimentos em agosto em relação a julho, de 5,8% no acumulado do ano e de 7,4% em 12 meses.
O ministro disse que a taxa é ?boa? e que demonstra que a economia está preparada para o aumento da demanda por produtos e serviços sem gerar inflação. ?É um número para ser festejado.? O ministro reiterou, no entanto, que o ideal seria que os investimentos estivessem crescendo a taxas semelhantes às da China. ?Como o Brasil não é a China e vocês (em referência aos jornalistas) não são chineses, podemos ser mais modestos. Fico satisfeito com (o crescimento da FBCF) o dobro do PIB?. Ele também destacou o crescimento dos bens de consumo duráveis.
Produção industrial
Mantega classificou de ?positivo? o crescimento de 0,7% da produção industrial em agosto ante julho. Segundo ele, com a revisão que o IBGE fez na produção de julho (de 0,6% para 0,7%) e o desempenho de agosto, a sinalização é de que a produção industrial crescerá em torno de 2% no terceiro trimestre. ?O terceiro trimestre será melhor do que o segundo, onde a produção foi fraca. Se estava mal, agora está bem. A produção industrial está aquecida e continuará assim no quarto trimestre?, afirmou Mantega.
O ministro atribuiu o crescimento da indústria à queda na taxa de juro. Segundo ele, a produção no terceiro trimestre está respondendo aos cortes na taxa básica realizados no início do ano, por conta da defasagem de seis meses, entre o corte de juro e o impacto na produção. Como a taxa Selic continuou sendo reduzida pelo Banco Central nos meses seguintes, Mantega avalia que a produção industrial vai continuar se expandindo, puxando a taxa de crescimento total da economia. ?A indústria é a locomotiva da atividade econômica?, declarou.