antes do esperado

BCs europeus devem subir juros para conter inflação

A alta dos juros na Europa parece mais próxima. Segundo economistas, cresce a expectativa de que o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco da Inglaterra (BoE) começarão a combater a inflação antes do esperado. Os principais BCs da região enfrentam há meses o dilema trazido pela alta dos alimentos e da energia. Os índices de preços já ultrapassaram as metas estabelecidas pelas autoridades monetárias. Entretanto, ainda existem riscos para a atividade do continente.

A dor de cabeça do BC inglês é maior. Enquanto a inflação bate em 4%, o dobro da meta, o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido voltou a encolher 0,5% no quarto trimestre do ano passado. Na zona do euro, a Alemanha e a França engatam recuperação, mas os países periféricos ainda estão envolvidos na crise fiscal.

Nos últimos dias, as autoridades passaram a emitir sinais de que começarão a se posicionar de forma mais firme sobre a inflação. Os economistas, que só esperavam movimentos mais para o final do ano, interpretaram que os BCs estão se preparando para começar a subir os juros.

Ontem, Yves Mersch, membro do conselho do BCE, disse que a autoridade pode ter de ajustar sua política monetária para levar em conta os crescentes riscos de inflação. Segundo ele, as taxas estão em um nível excepcionalmente baixo que foi justificado por um crescimento anêmico e até negativo durante um período prolongado.

“Comentários recentes aumentaram significativamente o risco de que o BCE terá de apertar a política antes do esperado em 2011”, diz Lee Hardman, estrategista de câmbio do Bank of Tokyo-Mitsubishi.

Hoje, a ata da última reunião do BoE mostrou que mais um membro do comitê, Spencer Dale, votou a favor de uma elevação dos juros Agora, são três os integrantes que querem um aperto monetário, enquanto os outros seis seguiram votando pela manutenção.

A divulgação da ata gerou a expectativa de que o BC inglês poderá agir até mesmo já em março, e não mais a partir de maio como se falava – a libra reagiu em alta. Na avaliação de Simon Ward, economista-chefe da Henderson Global Investors, as informações mais recentes “criam uma forte suposição a favor de um aumento imediato”.

Apesar da visão de que um aperto está mais próximo, nem todos os analistas avaliam que uma novidade virá já no próximo mês. Alguns avaliam que seria mais prudente o BoE esperar pelos números do PIB do primeiro trimestre, no aguardo de que a atividade econômica volte a crescer.

“A sensação é de que o BoE está se movendo rumo à alta de juros, mas uma ação continua dependendo da força dos próximos números e pode ser detida por más notícias”, escrevem os analistas Simon Hayes e Blerina Uruci, do Barclays Capital.

Também será preciso observar os efeitos dos conflitos no mundo árabe sobre a economia global. Num primeiro momento, a principal preocupação é com mais pressão inflacionária vinda da alta do petróleo – que poderá também afetar o ritmo da atividade futuramente. O BNP Paribas calcula que, se a matéria-prima chegar a US$ 140,00, a inflação poderá ultrapassar 4% na zona do euro e 5% no Reino Unido.

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