O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, disse na tarde desta quarta-feira, 29, que a estabilidade do estoque de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) em abril ante março foi pontual. Ele lembrou que, em 12 meses, o crescimento do estoque é de 5,4%.

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“Acreditamos que a tendência de expansão do estoque de crédito continua”, avaliou.

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Rocha disse que houve aumento no crédito livre e no direcionado para pessoas físicas em abril. Por outro lado, ele citou dados sazonais nas modalidades para pessoas jurídicas de desconto de duplicatas e antecipação de cartão de crédito. “Já as operações de crédito direcionado para empresas continuaram caindo. Essa é uma tendência”, apontou.

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Mais uma vez ele mencionou o processo de substituição das operações de crédito bancário para empresas pelo mercado de capitais. “Houve uma crescimento de 30,9% no saldo de títulos privados nos últimos 12 meses. Isso são empresas emitindo debêntures. No mesmo período o saldo do BNDES para pessoas jurídicas se reduziram em 7,6%”, detalhou.

Neste mês, o BC passou a divulgar as estatísticas do crédito ampliado para além dos financiamentos concedidos por instituições financeiras. Os dados sobre o saldo dessas operações englobam também as operações de crédito dos setores não financeiros, os títulos de dívida públicos e privados e os créditos concedidos por não residentes (dívida externa).

Projeção

O chefe do BC disse ainda que, apesar do crescimento de apenas 0,3% no estoque total de crédito no primeiro quadrimestre de 2019, o BC continua projetando uma alta de 7,2% no saldo neste ano.

“A trajetória de alta do crédito total se consolidou nos últimos 12 meses. Há um crescimento de 5,4% nessa comparação. Portanto, espera-se uma aceleração do crescimento do crédito até dezembro de 2019”, argumentou.

Apesar de reconhecer que as projeções dos economistas ouvidos semanalmente pelo BC na pesquisa Focus sobre o Produto Interno Bruto (PIB) se reduziram consecutivamente nas últimas 13 semanas, Rocha não respondeu que efeito essa revisão de estimativas pode ter nas estimativas da autoridade monetária para o crédito neste ano. A próxima revisão de previsões do BC será feita no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) em junho.

Arrefecimento

Rocha afirmou que não parece haver indicador que mostre arrefecimento no crédito total para pessoas físicas, cujo crescimento em 12 meses é de 9,5% (alta de 13,2% no crédito livre).

“Já o crédito para pessoas jurídicas com recursos livres deve retomar trajetória de crescimento, após retração pontual de abril”, projetou. “O saldo para empresas com recursos direcionais continua mostrando redução”, completou.

Estoque de títulos privados

De acordo com Rocha, a tendência é que o mercado de capitais ultrapasse o BNDES em volume de financiamentos às pessoas jurídicas. Ele apontou que o estoque de títulos privados de R$ 408,9 bilhões em abril já tem uma magnitude similar à carteira do BNDES (R$ 427 bilhões).

“Mesmo que o BNDES interrompa a sequência queda no crédito, os títulos privados continuarão crescendo. Nos últimos 12 meses, a alta no saldo desses títulos é de 30,9%. Com isso, o saldo do mercado de capitais deve ultrapassar o BNDES”, completou.