BCE vai intervir nos mercados de dívida da zona do euro

O Banco Central Europeu (BCE) realizou uma surpreendente mudança hoje, ao anunciar que vai intervir nos mercados de dívida pública e privada da zona do euro (que reúne os 16 países que adotam o euro como moeda). Outras medidas também foram anunciadas. O movimento pretende “garantir profundidade e liquidez naqueles segmentos de mercado que estão em disfunção”, disse o BCE em comunicado, sem informar o montante em bônus que pretende comprar. O anúncio destaca a grande contraofensiva iniciada por agências europeias e internacionais para defender o euro.

“O objetivo desse programa é solucionar o mal funcionamento dos mercados de títulos e restaurar um mecanismo de transmissão de política monetária apropriado”, disse o BCE. A instituição insistiu que o movimento não vai afetar a posição da política monetária do banco. “Com intenção de esterilizar o impacto dessas intervenções, operações específicas serão conduzidas para reabsorver a liquidez injetada por meio do Programa de Mercados de Títulos”, acrescentou.

O BCE informou ainda que vai fornecer dinheiro suficiente para os bancos. A instituição vai realizar uma operação de refinanciamento adicional de seis meses na quarta-feira. Além disso, vai honrar todas as propostas desse leilão a uma taxa que equivale à taxa de proposta mínima média das operações de refinanciamento principais durante o tempo de duração da operação.

O BCE também prometeu honrar todas as propostas a uma taxa fixa nos leilões regulares de três meses marcados para 26 de maio e 30 de junho. Por fim, vai reativar, em coordenação com outros bancos centrais, as linhas de swap (troca) de liquidez temporárias com o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).

Medidas radicais

As medidas anunciadas pelo BCE foram as mais radicais já tomadas pela instituição, segundo economistas. “Essa é a maior tentativa já realizada pelo BCE de dar suporte à Europa e pode marcar um ponto de virada na crise de confiança que atingiu a periferia da zona do euro nas últimas semanas”, afirmou Jacques Cailloux, economista do RBS.

Na última quinta-feira, após a decisão do BCE de manter a taxa de juros básica inalterada, o presidente do banco, Jean-Claude Trichet, afirmou que o Conselho de Governo não havia discutido a opção de comprar dívida soberana.

Os mercados financeiros apresentaram ganhos após anúncio das medidas do BCE, feito uma hora depois de os ministros de Finanças da zona do euro criarem um pacote de resgate de 500 bilhões de euros para países que enfrentam uma crise financeira. Outros 250 bilhões de euros serão fornecidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

As medidas do BCE funcionarão como uma ponte para evitar que uma crise de dívida se espalhe durante o tempo que o FMI e os governos europeus levarem para mobilizar os fundos para o pacote de resgate. As informações são da Dow Jones.

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