O Banco Central Europeu (BCE) rejeitou a opção “preferida” da Irlanda para refinanciar a ajuda destinada aos bancos do país, mas conversas envolvendo um acordo muito mais complexo continuam, segundo informou uma fonte de um banco central da zona do euro. O governo irlandês busca há meses persuadir o BCE a concordar com uma prorrogação no prazo de pagamento de quase 31 bilhões de euros injetados no sistema bancário local por meio de notas promissórias. O país quer chegar a um acordo antes que tenha de realizar um pagamento anual dessas notas promissórias, de aproximadamente 3,1 bilhões de euros, no fim de março.

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Líderes irlandeses e analistas têm dito que um acordo para estender o prazo de pagamento das notas promissórias para 30 ou 40 anos ajudaria o país a reconquistar acesso total aos mercados internacionais de dívida, depois que acabar seu pacote de resgate, no fim deste ano.

Entretanto, o BCE rejeitou a primeira proposta do governo para refinanciar e estender o pagamento das nossas promissórias, que seria feito por meio de um empréstimo de longo prazo do banco central da Irlanda para o Irish Bank Resolution Corp (IBRC). Essa instituição foi formada a partir da fusão do Anglo Irish Bank e do Irish Nationwide Building Society, que foram resgatados pelo governo. No entendimento do BCE, isso seria um “financiamento direto de governo”, o que é proibido pelos estatutos da autoridade monetária.

Apesar da rejeição, um acordo mais “complicado” entre o governo da Irlanda e o BCE ainda está em discussões. “O jeito mais fácil de fazer isso está fora de negociação. Agora é preciso encontrar uma maneira muito mais complicada. Os irlandeses querem estender o prazo de pagamento o máximo possível”, comenta a fonte de um banco central da zona do euro ouvida pela Dow Jones.

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Um porta-voz do banco central da Irlanda se recusou a comentar o assunto. Já o Ministério das Finanças disse que o governo já afirmou diversas vezes nos últimos dias que as negociações com o BCE continuam.

No total, a Irlanda injetou 64 bilhões de euros – quase 40% do seu PIB – no sistema bancário nos últimos cinco anos. Entretanto, os enormes custos do resgate forçaram o país a costurar um acordo de ajuda internacional de 67,5 bilhões de euros com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI), no fim de 2010.

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As autoridades irlandesas forneceram 31 bilhões de euros para o Anglo Irish e o Irish Nationwide por meio de notas promissórias, uma espécie de título IOU (do inglês “I owe you”, ou “eu devo a você”), porque na época não tinha o dinheiro necessário disponível. Sob os termos atuais do resgate, o governo é obrigado a pagar essas notas promissórias em aproximadamente dez anos.

Os irlandeses têm dito que não querem um desconto na dívida, mas sim uma extensão no prazo de pagamento. O problema é que qualquer acordo exige a sanção do BCE, porque o IBRC utilizou essas notas promissórias como colateral para conseguir empréstimos do banco central da Irlanda, por meio da chamada linha Assistência Excepcional de Liquidez (ELA, na sigla em inglês). E o BCE fiscaliza o uso da ELA. As informações são da Dow Jones.