BC vai manter queda gradual da taxa de juros

Brasília – A recente queda dos índices de inflação não é suficiente para o Banco Central aumentar a magnitude dos cortes na taxa de juros daqui para frente como deseja o setor produtivo. É que depois de combater os efeitos da crise cambial do ano passado, o BC quer agora evitar que uma trajetória muito acelerada de diminuição dos juros nominais abra espaço para recomposição das margens de lucro das empresas, o que poderia comprometer a inflação do ano que vem.

A preocupação dos técnicos do BC está refletida na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem. Com isso, a expectativa do mercado financeiro é que o BC mantenha, este mês, o ritmo de queda entre 1 e 1,5 ponto porcentual, desacelerando a velocidade dos cortes dos juros no último trimestre do ano.

No documento, os diretores do BC destacam que nos momentos de queda dos índices de inflação, é de se esperar cortes graduais nos juros nominais. Assim, observam que as projeções feitas considerando as taxas de juros constantes “tendem a refletir maior otimismo quanto à trajetória de queda da inflação”. Na prática, o BC quer dizer que, como a trajetória de juros daqui para frente é de redução – e não de manutenção no nível atual de 24,5% ao ano -, a inflação futura pode ficar acima dos valores que são projetados atualmente pelo mercado financeiro considerando taxas constantes.

“O Copom permanece atento aos riscos para concretização de uma trajetória de inflação consistente com a trajetória de metas, no que diz respeito ao grau de persistência inflacionária e à velocidade de queda da inflação”, afirmam os diretores na ata, ressaltando que, pelo atual modelo usado pelo governo, a persistência inflacionária está convergindo para as metas. Com juros nominais e inflação em queda, os juros reais “deverão convergir no futuro para níveis inferiores aos atuais”, destaca o documento.

O mercado aposta que a taxa de câmbio terminará o ano em torno de R$ 3,10, uma desvalorização de cerca de 7% em relação aos R$ 2,90 atuais.

Reajustes

Na ata, os diretores do BC refizeram também as projeções para reajustes da gasolina e tarifas de energia e telefonia. Na reunião anterior, estimava-se um aumento de 5,3% para a gasolina e foi revista para apenas 0,1%. O gás de cozinha deverá subir 2,3% e não 2,4% como havia previsto o documento anterior. Já as tarifas de energia, em vez de subirem 23% este ano, deverão ser reajustadas em 21% e as projeções para as tarifas de telefonia foram elevadas de 19% para 25,5%.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo