BC vai “ao mercado”, mas não sustenta o dólar

O real voltou a se valorizar frente ao dólar, refletindo a tendência internacional da moeda norte-americana e a expectativa otimista dos investidores com a economia em 2005. O dólar começou a última semana do ano abaixo dos R$ 2,70 e fechou ontem quase estável, em leve queda de 0,04%, cotado a R$ 2,69, o menor valor em sete dias. O risco-País continuou a cair para os menores patamares do ano. O indicador marca 375 pontos-base, com queda de 2,59%. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) desacelerou o ritmo e operou em alta de 0,23% ontem, influenciada pela liquidez reduzida e a piora das bolsas americanas.

Mais uma vez, o leilão de compra de divisas promovido no começo da tarde pelo Banco Central se mostrou insuficiente para impulsionar o dólar na direção dos R$ 3, como defendem os exportadores. Os lotes adquiridos pelo BC são considerados pequenos, com valores estimados entre US$ 30 milhões e US$ 50 milhões.

Pela manhã, a divisa chegou a operar na casa de R$ 2,70 ao ser negociada na máxima de R$ 2,709 com uma alta de 0,66%. Mas, por volta das 14h50, o BC anunciou o leilão e utilizou uma taxa máxima de R$ 2,697 para a compra da divisa.

No início deste mês, o governo retomou as intervenções no câmbio, que estavam suspensas desde fevereiro passado. Mas os leilões de compra só conseguem evitar uma queda mais acentuada da cotação. O dinheiro adquirido é usado para reforçar as reservas internacionais do País, que estão ainda em patamar baixo.

O volume de negócios deve seguir fraco nos próximos dias por causa das festas da virada do ano – período de folga para investidores como para exportadores e importadores.

A queda acentuada da moeda, ignorando as intervenções, é atribuída à melhora na percepção dos investidores sobre o futuro da economia, após a divulgação de indicadores positivos como o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) acima do previsto no terceiro trimestre e o recorde das exportações.

A cotação também acompanha a desvalorização do dólar diante de outras moedas. Ontem o euro bateu recorde, atingindo US$ 1,36. A queda do barril do petróleo também alivia a preocupação dos investidores com o aumento dos custos das empresas com energia em 2005. Ontem, o óleo foi cotado abaixo de US$ 42 em Nova York.

A alta do juro básico da economia (taxa Selic) pelo Copom (Comitê de Política Monetária) também favorece uma queda do dólar no Brasil. Quanto mais elevado o juro, maior é a remuneração dos títulos públicos atrelados à Selic. De olho nos lucros, investidores estrangeiros vendem os dólares para adquirir os papéis lançados pelo Tesouro Nacional.

Divulgado ontem, o boletim Focus, elaborado semanalmente pelo BC, apontou que os analistas já esperam que os juros subam de 17,75% para 18% ao ano em janeiro. No levantamento anterior, eles apostavam em manutenção da taxa. No entanto, com a divulgação da ata da reunião do Copom de dezembro, na última quinta-feira, os analistas refizeram suas projeções.

Juros futuros

As projeções dos juros negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam em alta, ainda em um ajuste ao tom conservador da política monetária do Banco Central. O destaque do dia foi a redução da expectativa de inflação para 2005, que recuou de 5,76% para 5,70%, segundo o Boletim de Mercado do BC. Mesmo assim, as apostas são de mais um aumento da taxa Selic em janeiro, a contar pelo teor da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

O Depósito Interfinanceiro (DI) de abril, o mais negociado, fechou com taxa de 18,20% ao ano, contra 18,19% do fechamento de quinta-feira. O DI de julho teve a taxa elevada de 18,34% para 18,37% anuais. A taxa do DI de outubro passou de 18,17% para 18,23% anuais. A taxa Selic é hoje de 17,75% ao ano.

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