O Banco Central teve em setembro um prejuízo histórico de R$ 38,6 bilhões com operações de swap cambial, que são um instrumento do mercado financeiro usado para proteger agentes econômicos da disparada do dólar. A maior cifra de perdas da autarquia com essa ferramenta, que foi usada pela primeira vez em 2002, havia sido registrada em março, de R$ 34,5 bilhões.
No ano, o rombo do BC com essas operações já ultrapassa a marca de R$ 100 bilhões até o dia 2 de outubro: está em R$ 108,3 bilhões. Esse resultado negativo não chega nem a se aproximar dos prejuízos já contabilizados pela instituição em anos anteriores. Em 2014, essas operações geraram para o BC um saldo no vermelho de R$ 17,3 bilhões. Um ano antes, o prejuízo foi de R$ 1,3 bilhão e, em 2012, a autarquia teve lucro de R$ 1,1 bilhão.
O principal responsável por esse desempenho ruim de agora é o câmbio, já que a operação consiste na negociação do diferencial entre o dólar e os juros em um determinado período. Em setembro, mês que o Brasil teve sua nota soberana rebaixada pela agência de classificação de risco Standard & Poors, a moeda americana subiu 9,39%. No ano, a alta já encosta em 46%.
No mês passado, por conta dessa disparada, o BC decidiu oferecer aos agentes recursos novos. A instituição avalia que esta é a melhor forma de se evitar quebradeira de empresas em momentos de vaivém das cotações. Do equivalente a US$ 5 bilhões que ofereceu ao mercado em cinco intervenções no mercado, foram efetivamente fechados negócios no total de US$ 4,1 bilhões. Além disso, a autarquia vem prorrogando todos os meses, de forma integral, as datas de vencimentos desses contratos que tinham sido comercializados no passado e que expirariam agora.
O mesmo dólar que gera prejuízo ao BC com os swaps acaba trazendo lucro para a instituição na sua administração das reservas internacionais, que são uma espécie de colchão de liquidez usado em momentos de crise aguda. Apenas em setembro, o ganho da instituição com as reservas foi de R$ 124,7 bilhões, a maior do ano. No ano, o lucro com esse colchão está em R$ 492,9 bilhões.
O BC sempre destaca que, tanto em relação às operações de swap cambial quanto à administração das reservas internacionais, a autarquia não visa ao lucro. Até agora, a instituição preferiu utilizar como primeira ferramenta para conter a volatilidade do dólar os leilões de swaps, e não atuar diretamente no mercado à vista, como defende parte do mercado financeiro, usando um pedaço das reservas, que somam cerca de US$ 370 bilhões. A última vez em que se desfez de uma fatia desse colchão foi em fevereiro de 2009, no auge da crise financeira internacional.
Além dos swaps, o BC também tem utilizado leilões de linha, que são venda de dólar à vista com o compromisso de recompra no futuro. Em setembro, o BC entrou sete vezes no mercado oferecendo esse tipo de ferramenta, que pode ser interpretado como uma espécie de “empréstimo” para quem precisa de dólar em espécie para honrar compromissos.
Dos US$ 14,5 bilhões que a instituição ofereceu no mês passado nesse tipo de operação, foram fechados negócios no valor de US$ 7,3 bilhões, praticamente a metade do total. As primeiras recompras começam a ocorrer no início do mês que vem.