O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, ressaltou hoje que a atuação da instituição na coordenação do sistema de metas de inflação tem como foco principal a coordenação de expectativas de inflação e o próprio controle da inflação corrente. “Este é um mandato fundamental (do BC)”, disse, durante o 5º Seminário sobre Riscos, Estabilidade Financeira e Economia Bancária, promovido pelo BC em São Paulo.
“Se o BC quer coordenar expectativas (de mercado) para a próxima reunião (do Copom), a melhor maneira de fazê-lo é dizer qual deve ser o resultado, não fazer mistério”, comentou, em tom irônico. Segundo ele, muitos analistas possuem uma visão equivocada do funcionamento do sistema de metas de inflação no Brasil, pois acreditam que o papel da instituição seria coordenar expectativas relativas à variação da Selic (a taxa básica de juros da economia).
Meirelles voltou à ironia ao destacar que a previsão de decisões futuras do BC só seria possível em condições ideais de estabilidade da economia global. “Mas não é a situação da economia mundial hoje. A economia brasileira tem um certo nível de volatilidade, mas está num nível superior”, disse, referindo-se à instabilidade mundial.
Ele ressaltou que o BC faz “um esforço enorme de transparência” e vai continuar trabalhando para que essa postura seja mantida. “É útil, positivo, desejável, que o maior número de analistas tenha a possibilidade de prever o resultado da próxima reunião do Copom”, comentou. “Mas essa finalidade não deve constranger a decisão (do BC), pois (ela) tem que ser pautada pela inflação. Pelas expectativas de inflação e pela inflação de fato.”
