Brasília – Com o caixa reforçado por US$ 30 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Central passará a dar as cartas no mercado cambial. De uma posição defensiva em que se encontrava, irrigando o mercado com US$ 50 milhões diariamente para suprir a falta de dólares, agora ele irá testá-lo para saber qual o nível da taxa de câmbio que reflete as reais condições da economia.

A suspensão da chamada ração diária, anunciada ontem, permitirá ao BC atuar livremente com o volume de recursos que achar conveniente. O maior poder de fogo da autoridade monetária vai permitir um jogo mais equilibrado com o mercado.

“Vivemos uma fase de volatilidade alta e decidimos ter uma postura mais flexível para agir nesse tipo de situação”, justificou o presidente do BC, Armínio Fraga. Segundo ele, a idéia é “dar mais liquidez do que os US$ 50 milhões” quando necessário.

Na avaliação do diretor de análise de risco de mercado do BES Investimento, Carlos Guzzo, “até agora, o mercado estava testando para saber até onde o governo teria suporte e apoio internacional para a transição.

O mercado tinha certeza que o BC não se arriscaria com o nível de reservas que tinha”, disse. “Agora é o banco que quer ver como o mercado está mensurando o risco Brasil”. Isso porque ao mostrar que tem apoio internacional e que essa sustentação é muito maior do que simples declarações favoráveis à condução da política econômica do País, o governo elimina uma das principais variáveis que contribuíram para alta do dólar nos últimos meses: a retração no fluxo de recursos para o Brasil.

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