O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse hoje que a gestão da autoridade monetária não sofreu nenhum tipo de alteração e que seu trabalho continua focado no regime de metas de inflação. “Engana-se quem acha que houve mudança nessa administração. Não houve e não haverá”, afirmou, durante cerimônia de posse do novo diretor de Assuntos Internacionais, Luiz Awazu Pereira.
Meirelles disse que o BC trabalha há mais de sete anos sob “critérios técnicos e dentro da autonomia operacional concedida pelo presidente da República”. O trabalho da instituição, segundo ele é “sempre focado no sistema de metas de inflação e no seu aprimoramento”. Durante o discurso, Meirelles afirmou que a ação independente da instituição assegurou a inflação na meta nos últimos anos. “Fazendo com que a surpresa inflacionária passasse a ser cada vez mais parte do passado.”
Ao citar que analistas internacionais afirmam que o Brasil após a crise dá mostras de que a estabilidade econômica está cada vez mais consolidada, o presidente do BC comentou que “a estabilidade de preços no Brasil passa a ser cada vez mais um valor nacional”. Meirelles comentou ainda que economistas estrangeiros citam o Brasil como um exemplo de regulamentação prudencial.
Meirelles afirmou também que a autoridade monetária brasileira “não precisa provar mais nada a ninguém”. Segundo ele, o Banco Central brasileiro tem sido visto como o modelo de regulação internacional cada vez mais claro. “Mas vemos aqui discussão como se estivéssemos vivendo em outro época”, comparou.
De acordo com Meirelles, o trabalho da autoridade monetária hoje é o de administrar sucessos. “Esta situação é não usual para a história de algumas pessoas”, alfinetou, acrescentando que muitas vezes buscam-se culpados por determinadas decisões do Banco Central e que, em outras vezes, avaliam decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) como políticas ou para ganhar ou recuperar a credibilidade. Ele disse ainda ter implementado com sucesso a política de estabilização e tem conseguido obter como consequência a queda dos prêmios de risco.
O presidente do BC enfatizou ainda a possibilidade de o Brasil ter conseguido adotar uma política contracíclica durante o período mais agudo da crise financeira internacional. “Não se despendeu um centavo de recurso público para salvar instituição financeira como em outros países”, comentou.
Autonomia
O presidente do Banco Central enfatizou mais de uma vez que as decisões dos diretores do Copom são independentes. “Existe dificuldade de algumas pessoas em aceitar que cada diretor toma sua decisão de forma autônoma”, disse. Meirelles afirmou que o BC dispõe hoje não apenas de experiência acumulada, mas também de um quadro técnico eficiente.
Ele relatou que já foi questionado por pessoas de fora da autoridade monetária a respeito da possibilidade de o presidente do BC ser voto vencido durante o Copom. “O presidente pode perder sua posição (de votação). Isso faz parte da instituição. Isso faz parte da essência da institucionalização do Copom”, afirmou. Em seguida, o presidente do BC voltou a enfatizar que a votação do Comitê é técnica e institucional. “Independente, de ego ou personalidade”, acrescentou.