O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse hoje, após participar da posse do novo presidente da Câmara Americana de Comércio do Rio de Janeiro (Amcham-Rio), Robson Barreto, que o crédito no País continua seguindo a tendência de se normalizar, mas, caso este movimento não ocorra como o desejado, a autoridade monetária poderá lançar mão de novos instrumentos. “A tendência é de que o crédito continue se normalizando. Se necessário tomaremos novas medidas.”

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Meirelles havia destacado o processo de normalização do crédito em palestra na Amcham do Rio. Na entrevista que concedeu em seguida, ele admitiu que, apesar do processo de normalização em curso, “ainda não chegamos lá”, mas o Banco Central tomou as medidas necessárias para o restabelecimento do crédito e os bancos públicos estão representando “um papel cada vez mais ativo” nesse processo.

O presidente do BC disse também que, no sistema financeiro em geral, “os spreads ainda estão muito altos, caíram pouco e ainda (a queda) é insuficiente”. Segundo Meirelles, a tendência também no caso do spread é de queda. Spread bancário é a diferença entre o custo de captação dos recursos e o juro cobrado do cliente na operação de empréstimo.

Projeções

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Meirelles destacou também que o mercado tem revisado para baixo “de forma pronunciada” as previsões de crescimento para a economia brasileira e não tem revisado “de forma tão pronunciada” para baixo as projeções de inflação. Ele considerou que este fato é interessante e algo para se refletir.

“Estamos em um contexto de crise, séria, mas o Brasil tem como vislumbrar uma saída da crise mais rápida que outros países e sair mais forte”, disse. Meirelles mostrou um série de indicadores para reforçar esse argumento, por exemplo, que houve uma recuperação de vendas de veículos e a produção caiu menos no Brasil do que em outros países.

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Dólar

O presidente do BC afirmou ainda que, como o dólar tem caído um pouco, algumas pessoas já começam a falar em diferencial de taxa de juros. “É aquela mesma coisa que levou aquele erro dos exportadores de achar que apenas as taxas de juros influenciam a taxa de câmbio.”

Segundo Meireles, existe uma série de fatores que influenciam o câmbio, como preço de commodities (matérias-primas) e a aversão ao risco. “Com a crise houve uma repatriação forçada de capital para o exterior e o dólar se valorizou. No momento em que a situação se normaliza, o quadro é diferente”, disse. Meirelles completou que não sabe para onde vai o câmbio, que pode ir “desde uma apreciação ainda do real a uma depreciação”.

O presidente do BC afirmou que não é seu papel prever a taxa de câmbio e que sua intenção era apenas mencionar que não é apenas o diferencial da taxa de juros que influencia a trajetória do câmbio.