BC rola dívida, que volta a fazer pressão sobre dólar

O mercado de câmbio abandonou o clima de tranqüilidade e o dólar voltou a subir de forma expressiva. A moeda americana fechou ontem em alta de 2,70%, cotada a R$ 3,605 na compra e R$ 3,610 na venda. Quatro índices de inflação indicaram taxas acima das expectativas e contribuíram para o estresse do mercado. O outro motivo da pressão foi a frustração com o terceiro leilão de swap cambial que o Banco Central realizou para renegociar uma dívida de US$ 1,93 bilhão que vence amanhã. A Bovespa fechou em forte queda de 1,67%, com movimento financeiro de 491 milhões e 9.720 pontos.

São Paulo

  – Até agora, o BC conseguiu rolar 58,5% da dívida vincenda. A demanda pelos contratos de swap voltou a diminuir e os juros pedidos pelas instituições financeiras para carregar os papéis públicos tiveram elevação significativa. Com pouco mais de 40% da dívida sem renegociação, os investidores já se preocupam com o vencimento de mais US$ 2,2 bilhões previsto para o dia 20.

IGP-M, IPC-Fipe, IPCA e IGP-DI foram os índices de inflação divulgados entre anteontem e ontem. Todos eles mostraram resultados acima do esperado e acenderam a luz amarela nos mercados, principalmente no de juros. O IGP-M teve alta de 2,31% na primeira prévia de novembro e o IPC-Fipe, de 1,55%. Já o IPCA de outubro ficou em 1,31% e o IGP-DI, em nada menos que 4,21%.

Com isso, os economistas correram ontem para reavaliar suas projeções e vários deles já apostam numa alta dos juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana que vem. De acordo com as análises, o comitê pode elevar os juros para conter a pressão inflacionária e garantir o cumprimento da meta inflacionária para 2003, que é de 6,5%.

O aumento dos juros tem por objetivo de inibir o consumo e evitar novos aumentos de preços, por meio do encarecimento do crédito. O problema é que a inflação detectada nas últimas semanas não tem origem no aquecimento da demanda, mas simplesmente no repasse das altas do dólar. Com isso, o efeito prático da medida é visto com cautela. O que se sabe ao certo é que o aumento dos juros básicos desaquece ainda mais a economia e ainda aumenta a dívida pública atrelada aos juros pós-fixados.

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