Após um intervalo de quatro anos, o Banco Central cortou, em decisão unânime, a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 0,25 ponto porcentual, para 14% ao ano. A redução era tida como certa pelo mercado financeiro, que só especulava sobre qual seria a magnitude do corte. Apesar da diminuição da Selic, o Brasil segue como maior pagador de juros reais do mundo.
No comunicado divulgado após a decisão, o BC diz que a convergência da inflação para a meta de 4,5% em 2017 e 2018 é compatível com uma processo gradual de queda dos juros e que a intensidade desse processo será decidido ao longo do tempo. Para tomar essas decisões, o colegiado afirma que vai observar a trajetória de recuo da inflação e o ritmo de aprovação dos ajustes necessários na economia.
O BC ainda destaca que, no curto prazo, a atividade econômica está um pouco abaixo do esperado, enquanto a inflação mostrou-se mais favorável do que o previsto. Para a autoridade monetária, o alto nível de ociosidade pode ajudar no processo de desaceleração da alta de preços.
Economistas e operadores do mercado financeiro defendem que o BC, sob o comando de Ilan Goldfajn, tem espaço para reiniciar um ciclo de cortes da Selic. Isso porque o cenário melhorou desde o último encontro do Copom, no fim de agosto. A inflação de alimentos arrefeceu, assim como a inflação na área de serviços, e o governo obteve vitórias no Congresso relacionadas ao ajuste fiscal.
Desde que assumiu o comando do BC, no início de junho, Goldfajn vem repetindo que a instituição é parte da solução para a crise econômica – e não a causa dela, como defendem os críticos dos juros altos. A expectativa do BC é de que a inflação controlada aumente a confiança no País e abra espaço para mais investimentos.
Nesta quarta (19), o mercado financeiro projeta inflação de 7,01% em 2016 e de 5,04% em 2017 – praticamente metade do que foi registrado no ano passado.
Estes índices ainda estão acima da meta perseguida pelo BC, de 4,50% de inflação para cada um dos anos. Mas há uma margem de tolerância de 2,0 pontos porcentuais (inflação de até 6,5%) para este ano e de 1,5 ponto porcentual (até 6,00%) para o ano que vem. Na prática, se estes números forem confirmados, o BC terá conseguido, em dois anos, recolocar a inflação nos trilhos.