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BC projeta déficit de US$ 1,7 bilhão para o setor externo em novembro

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, afirmou nesta terça-feira, 27, que a estimativa da instituição para a conta corrente em novembro é de déficit de US$ 1,7 bilhão. “Se o resultado ocorrer, teremos uma melhora, porque em novembro de 2017, o déficit foi de 2,2 bilhões”, pontuou Rocha.

Mais cedo, o BC informou que houve superávit de US$ 329 milhões em transações correntes em outubro. A expectativa da instituição era de superávit de US$ 1,3 bilhão.

“O superávit de outubro, embora tenha sido abaixo do estimado, é bastante positivo”, disse Rocha. “O País continua a ter resultado das transações correntes bastante sólido.”

Viagens

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central afirmou que a queda nas despesas com viagens internacionais em outubro está ligada à depreciação cambial no Brasil. Em outubro do ano passado, o dólar médio estava em R$ 3,19. No mês passado, ele foi de R$ 3,76.

Em novembro, até dia 23, as despesas líquidas com viagens estão em US$ 680 milhões. Isso é resultado de receitas de US$ 338 milhões com estrangeiros em viagem ao Brasil e gastos de US$ 1,018 bilhão dos brasileiros em outros países.

Dentro da conta de serviços do balanço de pagamentos, Rocha também destacou o fato de ter havido crescimento nas despesas com aluguel de equipamentos. Elas foram de US$ 1,312 bilhão em outubro, ante US$ 1,264 bilhão em outubro do ano passado. De acordo com Rocha, o crescimento está associado ao aumento dos investimentos.

A conta de serviços como um todo registrou déficit de US$ 3,142 bilhões em outubro, o que representa o maior déficit para o mês desde 2014. “As despesas com transportes em outubro cresceram 11%, em linha com a alta das exportações”, acrescentou Rocha. As despesas brutas com transportes em outubro somaram US$ 1,003 bilhão.

Recuperação econômica

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Centra afirmou que a recuperação da atividade econômica no Brasil amplia a demanda por bens e serviços. Isso, segundo ele, justifica o fato de, nos dez primeiros meses de 2018, as importações terem crescido 22%, enquanto as exportações avançaram 8,5%.

Os dados do BC mostraram que a balança comercial de outubro ficou positiva em US$ 5,448 bilhões. No ano até outubro, o saldo comercial está positivo em US$ 43,799 bilhões.

Rocha pontuou ainda que, dentro do Investimento Direto no País (IDP) de US$ 10,382 bilhões em outubro – que ficou acima das expectativas do BC, de US$ 8,5 bilhões -, os dois setores que receberam mais aportes foram os de eletricidade e de petróleo e gás natural.

Lucros e dividendos

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central explicou que a instituição promoveu uma mudança metodológica na apuração da remessa de lucros e dividendos referente a empresas que fizeram IDP. Com a mudança, houve atualização da série histórica da rubrica de lucros e dividendos das Estatísticas do Setor Externo. Os dados foram atualizados na série histórica a partir de 2010.

Rocha explicou que os lucros e dividendos ligados ao IDP eram apurados anteriormente a partir de transações cambiais. Em outubro, as fontes de dados passaram a ser as pesquisas Censo de Capitais Estrangeiros no País (Censo) e Capitais Estrangeiros no Exterior (CBE), ambas do BC.

As alterações metodológicas geraram revisão na série histórica de lucros e dividendos e, com isso, da conta corrente. Houve uma alteração perceptível em relação aos dados de transações correntes em 2018, por exemplo.

No mês passado, o BC havia divulgado que o déficit em transações correntes acumulado de janeiro a setembro era de US$ 7,435 bilhões. Com a nova metodologia, este déficit de janeiro a setembro passou para US$ 11,7 bilhões. “Essa estatística é mais fidedigna ao que ocorre na economia brasileira do que o que víamos antes”, defendeu Rocha. “A lucratividade em termos líquidos, puxada pelas empresas de IDP, tem sido maior que o estimado anteriormente.”

Fluxo cambial

Rocha informou que o fluxo cambial total no País está negativo em US$ 3,720 bilhões em novembro até o dia 23. A cifra é resultado de um fluxo comercial positivo de US$ 3,984 bilhões e de um fluxo financeiro negativo de US$ 7,705 bilhões no mesmo período.

Na conta comercial, ocorreram em novembro até o dia 23 importações de US$ 11,413 bilhões e exportações de US$ 15,398 bilhões. Dentro das exportações foram US$ 1,405 bilhão de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), US$ 7,748 bilhões em Pagamento Antecipado (PA) e US$ 6,244 bilhões em demais operações.

Dentro da conta financeira, ocorreram no período entradas de US$ 31,505 bilhões e saídas de US$ 39,210 bilhões.

Com o movimento verificado em novembro, até o dia 23, a posição dos bancos no mercado à vista passou de vendida em US$ 5,659 bilhões no fim de outubro para vendida em US$ 8,851 bilhões agora.

Dívida externa

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central destacou que o comportamento da despesa com juros da dívida externa tem sido de redução em 2018. Em outubro, o gasto líquido do País com juros foi de US$ 1,143 bilhão, ante US$ 1,310 bilhão do mesmo mês do ano passado.

“Isso pode parecer diferente, porque a dívida externa está mais ou menos estável, mas temos tido crescimento das taxas de juros internacionais. E o Brasil tem posição importante aplicada lá fora, que são as das reservas internacionais”, explicou.

Em novembro, até o dia 23, as despesas com juros somam US$ 2,509 bilhões, conforme Rocha. Já no caso das remessas de lucros e dividendos ao exterior, o montante em novembro está em US$ 1,587 bilhão.

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