O Banco Central espera que as importações acelerem e cresçam 21,1% em 2006. As compras de produtos provenientes do exterior devem chegar a US$ 92 bilhões, contra os US$ 76 bilhões estimados neste ano. Já para as exportações, a expectativa é de um crescimento muito menor do que o verificado nos últimos anos: 6,1%. Com esse crescimento, as vendas ao exterior chegariam a US$ 121 bilhões, o que resultaria em um superávit comercial de US$ 29 bilhões – para este ano, a expectativa do BC é de um saldo positivo recorde de US$ 38 bilhões.

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Os dados foram divulgados ontem pelo diretor de política econômica do BC, Afonso Sant?anna Beviláqua. No acumulado de 2005, o superávit comercial está em US$ 31,889 bilhões, próximo ao atual recorde registrado em todo o ano passado (US$ 33,696 bilhões). Há meses o crescimento do ritmo das importações já é esperado. A queda da cotação do dólar – que hoje oscila em torno de R$ 2,23 – e a recuperação da economia interna geram a expectativa de crescimento das compras do exterior.

Um superávit comercial em 2006 menor do que o deste ano fará com que o saldo nas transações correntes – que representa as principais transações do país com o exterior na área comercial e na contratação de serviços e transferências de renda – seja bem menor no ano que vem. O BC prevê um saldo de US$ 500 milhões, contra os US$ 9,4 bilhões esperados para o próximo ano.

Para Bevilaqua, essa redução do superávit nas contas correntes demorou a acontecer, já que a tendência é que a demanda interna adquira uma importância maior no processo de sustentação do crescimento econômico. De acordo com o diretor, o reequilíbrio nas contas externas não deve ser considerado ruim. Isso porque os superávits dos últimos anos foram a forma encontrada para enfrentar choques externos. ?Antes era uma resposta a um choque externo que você teve em 2002.?

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Durante o choque de 2002, o Brasil encontrou dificuldade no financiamento externo e precisou fazer o superávit nas transações correntes para honrar os seus compromissos. ?Por mais aberta que a economia possa ser, a contribuição maior vem da demanda interna?, diz.

Compras

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O Tesouro Nacional já contratou no mercado US$ 10,006 bilhões para honrar compromissos que vencem neste ano. A contratação pode ocorrer até seis meses antes da liquidação da operação.

O montante foi elevado em US$ 1,1 bilhão porque o Tesouro desistiu de tirar das reservas internacionais os recursos para fazer a recompra do C-Bond – foi o principal papel da dívida externa brasileira, emitido em 1994, época da renegociação dos débitos de países emergentes com problemas para honrar os seus compromissos, como o Brasil.

Para o ano que vem, a previsão é que o Tesouro contrate até US$ 11,266 bilhões. Desse valor, Bevilaqua avisou que já foram contratados US$ 3,99 bilhões.

Entre 2002 e 2003, o Tesouro Nacional comprou 26,8 bilhões do mercado e o BC mais US$ 17,1 bilhões – que foram destinados para as reservas. Além disso, a dívida cambial interna foi reduzida em US$ 49,1 bilhões no período.

Para o diretor, essas três ações tiveram um impacto positivo no passivo externo e colaboraram para melhorar a atração de investimentos de médio prazo.

?As contas externas têm condições muito maiores de resistir a choques porque nos beneficiamos dessas condições favoráveis?, avalia.

O diretor reafirmou que o BC continua interessado em aumentar as reservas internacionais por meio da compra de dólares no mercado e que isso pode acontecer ?a qualquer momento?. ?Nós continuamos firmemente interessados em aumentar as nossas reservas.?

Para este ano, a previsão é que as reservas finalizem em US$ 58,7 bilhões, um crescimento de US$ 5,7 bilhões em relação ao ano passado. Para o ano que vem, a previsão é que termine em US$ 59 bilhões.

Sobre captações, o BC projeta que elas somarão US$ 4,5 bilhões em 2006. Esse montante irá se somar aos US$ 2,5 bilhões que já foram emitidos neste ano e que entrarão na programação do ano que vem. Com isso, o Tesouro deixa US$ 2 bilhões para captar em 2007 – o plano do Tesouro é captar US$ 9 bilhões em 2006 e 2007.