BC mantém taxa Selic inalterada em 11% ao ano

Em linha com a expectativa do mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic em 11% ao ano, segundo comunicado divulgado nesta noite de quarta-feira, 28, pelo Banco Central. Com a decisão – tomada após mais de quatro horas de reunião -, a autoridade monetária encerra o mais recente ciclo de alta dos juros, que elevou a taxa básica em 3,75 pontos porcentuais desde abril de 2013, quando a Selic estava em 7,25% ao ano, menor nível da história.

A pesquisa Focus, divulgada às segundas-feiras pelo Banco Central, apontou a expectativa dos analistas do mercado de que o Copom não elevaria a taxa básica de juros em sua reunião de maio. Há três semanas o levantamento revela a previsão de 11% ao ano para a Selic após a reunião do Copom do mês de maio. Antes disso, há um mês, a perspectiva dos analistas consultados era que a diretoria do Banco Central elevasse a Selic para 11,25%.

A maioria das estimativas coletadas em pesquisa do AE Projeções indica que a taxa Selic deve continuar no atual patamar de 11,00% pelo menos até o final de 2014. Levantamento do qual participaram 77 instituições do mercado financeiro, sobre a expectativa para a taxa ao término deste ano, mostra que 48 acreditam que a Selic encerrará o período em 11,00%, 14 casas preveem o juro em 11,25%; oito, em 11,50%; duas, em 11,75%; quatro, em 12,00%; e uma, em 13,00%.

Houve uma desaceleração, pelo menos momentânea, na inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de maio desacelerou a 0,58% ante 0,78% em abril. Além de argumentar que o choque de alimentos é passageiro, o BC defende que os efeitos das nove altas seguidas é defasado e cumulativo. Ou seja, ainda não foi totalmente sentido na economia.

A inflação, no entanto, ainda ronda perto do teto da meta do governo. O indicador medido em 12 meses acumula até abril alta de 6,28%. Pelas projeções de uma centena de economistas ouvidos pelo BC, a inflação fechará o ano em 6,47%, bem próxima do teto, superior ao registrado no ano passado (6,91%). O BC é um pouco mais otimista e acredita que a inflação fechará este ano em 6,1%.

Antes da divulgação do resultado, o economista da LCA Consultores Antonio Madeira, comentou que acreditava na manutenção da taxa em 11% ao ano. “Em primeiro lugar, a sinalização nos últimos documentos (relatório de inflação e ata do Copom) e os pronunciamentos dos diretores que, se discordassem da previsão do mercado, teriam dado algum sinal. O segundo motivo é que a economia desacelerou, o mercado de trabalho está mais fraco, a inflação na margem desacelerou, a taxa cambial esta menos volátil. O quadro permite a manutenção”, avaliou.

Questionado sobre o fato de as expectativas terem piorado de um ano para cá, inclusive as estimativas de inflação, Madeira manteve a aposta. “Justifica pela atividade econômica. A economia está crescendo abaixo do potencial”, completou. A LCA também estima que o Copom irá manter a taxa em 11% ao ano até o fim do ano, porque seria “tempo suficiente” para analisar se o ciclo de alta foi positivo ou não.

Também antes da divulgação do resultado, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, disse que o Banco Central perderia mais uma chance de aumentar a credibilidade da instituição se mantivesse a Selic em 11% ao ano. Ele acreditava que o Copom decidiria por mais um aumento de 0,25 ponto porcentual na taxa como forma de ancorar as expectativas para a inflação futura. “Me parece adequado fazer isso. Seria um grande relevante na credibilidade: uma forma de provar o contrário à maioria do mercado que tem dúvidas da independência do BC”, afirmou.

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