BC inglês admite que país pode sofrer depressão

Pela primeira vez desde o início da crise global, autoridades monetárias de um país industrializado admitem que correm o risco de entrar em uma grave depressão econômica, o que seria a primeira desde os anos 30. Na segunda-feira (16), o Banco da Inglaterra (BoE, o banco central britânico) informou que, diante do nível de endividamento das famílias, o Reino Unido pode passar de uma recessão (caracterizada por dois trimestres consecutivos de queda do PIB) para uma depressão (declínio econômico profundo e prolongado). Alguns dos primeiros sintomas, segundo o banco, já poderiam ser identificados diante de uma dívida privada que já é superior ao Produto Interno Bruto (PIB) do país.

O principal motivo é o alto nível de endividamento das famílias e os efeitos de uma deflação, que aprofundariam a crise. Nesta segunda, o Banco da Inglaterra já pratica suas taxas de juros mais baixas em 300 anos para tentar estimular a retomada econômica. Mas se a deflação pode, no curto prazo, reduzir os preços dos bens aos consumidores, no médio prazo ela é um sinal da paralisia de uma economia. Não por acaso, o governo vem dando incentivos fiscais para o consumo e ainda créditos para empresas médias e pequenas.

Segundo o BC inglês, a realidade é que a dívida privada no país atingiu pela primeira vez a marca de US$ 2 trilhões, 165% acima dos níveis de 1997. Isso significa que, na prática, cada família britânica tem em média uma dívida de US$ 84 mil, a maior taxa no mundo. Até o ano passado, essas dívidas eram financiadas com créditos fáceis. Hoje, a crise se traduz, para muitas famílias, em uma explosão de suas dívidas e em falta de financiamento. O endividamento, em conjunto com a deflação, seriam sinais de que a economia pode estar caminhando para algo não muito diferente do que ocorreu nos Estados Unidos, nos anos 30.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo