O Banco Central gastou R$ 26,6 bilhões em 2010 apenas para manter as reservas internacionais brasileiras, que hoje superam US$ 300 bilhões. No entanto, como o Tesouro Nacional arca sozinho com esse custo, transferindo títulos públicos para o BC, a instituição teve lucro de R$ 15,7 bilhões no ano passado, segundo balanço aprovado hoje (24) pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
De acordo com o documento, o chamado custo de carregamento das reservas internacionais foi de 5,86% no ano passado. Isso ocorre porque o BC teve um custo médio de 7,74% para levantar recursos em 2010, enquanto a remuneração média dos papéis que compõem as reservas em moeda estrangeira não passou de 1,88% no período.
Fazendo as contas em moeda brasileira e sem considerar a variação cambial, como o volume médio das reservas ficou em R$ 455 bilhões em 2010, o prejuízo do BC para mantê-las foi de R$ 26,6 bilhões. Levando em consideração o câmbio, o gasto total das reservas aumentaria R$ 21,9 bilhões e chegaria à cifra de R$ 48,5 bilhões no ano passado.
No entanto, segundo o diretor de Administração do BC, Antero Meirelles, a variação do câmbio é desprezada no cálculo porque esse resultado não é de fato realizado, uma vez que o Brasil não se desfez dos papéis estrangeiros. “É um registro meramente contábil, pois a variação cambial só impacta a conta se houver venda dessas reservas”, explicou.
Segundo Meirelles, o volume de reservas que o Brasil mantém – o maior de sua história – é adequado para as necessidades do País. “Não há um consenso sobre qual valor é adequado para uma economia, mas o Brasil não é uma jabuticaba”. Segundo os dados do Banco Central, as reservas brasileiras, em janeiro, correspondiam a 14,2% do PIB.
Para ele, o custo de manutenção das reservas internacionais é menor que os benefícios que o País tem em acumulá-las, já que as reservas elevadas ajudam o Brasil e as empresas brasileiras a se financiarem de forma mais barata no exterior. Além disso, na sua avaliação, o acúmulo de dólares evitou perdas maiores em termos de crescimento e geração de emprego durante a crise financeira internacional em 2008 e 2009.
“São difíceis de estimar todos os benefícios. Só dá para comparar com outros momentos de crise que não tínhamos reservas elevadas”, disse Meirelles. “Qualquer conta que se fizer, o benefício de ter reservas é maior que o custo”.