BC exporta ‘tecnologia’ do compulsório contra a crise

Bancos centrais do mundo inteiro estão interessados em entender como funciona uma invenção brasileira: os imensos depósitos que bancos privados são obrigados a fazer no Banco Central (BC), os chamados compulsórios. A área técnica do BC responde de cinco a seis questionamentos sobre o assunto por semana, desde que os comandantes do sistema financeiro mundial, reunidos no chamado Comitê da Basileia, elaboraram uma proposta de normas adicionais de segurança para o sistema financeiro, batizada de Basileia 3. Discute-se um mecanismo semelhante ao compulsório nacional.

“Existe uma tecnologia brasileira de combate aos efeitos da crise”, disse o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles. “Ela chamou a atenção, principalmente depois que deu certo.” As normas de Basileia 3 ainda estão em análise e dependem da aprovação dos presidentes das principais economias do mundo, o chamado G-20, para entrar em vigor. O grupo vai se reunir em novembro, em Seul.

Diferentemente dos bancos estrangeiros, os brasileiros não podem emprestar todo o dinheiro que recebem de seus clientes na forma de depósitos ou aplicações. Boa parte fica compulsoriamente guardada no BC. Atualmente, a reserva corresponde a 43% dos depósitos à vista (conta corrente), 15% dos depósitos a prazo (aplicações) e 20% da poupança.

Quando estourou a crise, no fim de 2008, o sistema pelo qual os bancos emprestam dinheiro entre si e mantêm as engrenagens girando entrou em colapso. O crédito desapareceu e muitos bancos se viram sem ter de onde tirar recursos. No Brasil, as instituições financeiras foram autorizadas a sacar parte do compulsório.