O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reafirmou nesta terça-feira, 7, na ata do encontro da semana passada, que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.
Esta ideia já constou no comunicado do encontro da semana passada do Copom, quando a Selic (a taxa básica de juros) permaneceu em 6,50% ao ano. Foi o terceiro encontro consecutivo em que a taxa foi mantida neste patamar. “Na avaliação do Copom, a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente”, disse o colegiado na ata, ao tratar de sua decisão.
Ao se referir aos choques recentes sobre a inflação, provocados pela greve dos caminhoneiros e pela alta do dólar ante o real, o colegiado afirmou que os efeitos “estão se revelando temporários, mas é importante acompanhar ao longo do tempo o cenário básico e seus riscos e avaliar o possível impacto mais perene de choques sobre a inflação (isto é, seus efeitos secundários)”.
O Copom afirmou ainda que entende que “deve pautar sua atuação com foco na evolução das projeções e expectativas de inflação, do seu balanço de riscos e da atividade econômica”. “Choques que produzam ajustes de preços relativos devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva”, acrescentou o BC, em referência aos impactos trazidos pelo choque cambial recente. Os efeitos secundários dizem respeito à propagação do choque a preços da economia não diretamente afetados pelo choque.
“É por meio desses efeitos secundários que esses choques podem afetar as projeções e expectativas de inflação e alterar o balanço de riscos”, disse o BC na ata. “Esses efeitos podem ser mitigados pelo grau de ociosidade na economia e pelas expectativas de inflação ancoradas nas metas. Portanto, não há relação mecânica entre choques recentes e a política monetária.”
Em outro trecho da ata, o BC voltou a defender a continuidade do processo de reformas e ajustes na economia brasileira, visto como “essencial para a manutenção da inflação baixa no médio e longo prazos, para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia”.
Ao mesmo tempo, o BC repetiu na ata uma ideia acrescentada no último comunicado do Copom. Sem citar diretamente o debate eleitoral, a instituição alertou que “a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes”.
Além disso, como tem feito em suas comunicações oficiais nos últimos meses, o Copom reiterou que a conjuntura econômica “prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural”.
De acordo com o BC, a decisão de manter a Selic em 6,50% ao ano na semana passada “reflete seu cenário básico e balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2019”.