O Banco Central (BC), mais do que nunca, tem estreitado o contato com instituições de pesquisa – principalmente, os Institutos Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV). A ideia, de acordo com o que apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, é, de posse de estatísticas econômicas detalhadas e precisas, reduzir a probabilidade de erro nas decisões, como a que será tomada nesta semana, da nova taxa básica de juros.

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As apostas do mercado apontam para um aumento de 0,25 a 0,5 ponto porcentual na Selic, cotada em 7,5% desde abril, depois de 21 meses estacionada em 7,25%. No IBGE, alguns técnicos se dizem surpresos com ligações telefônicas frequentes de representantes da autoridade financeira, seja em busca de dados metodológicos no cálculo das estatísticas, seja para acompanhar mais detalhadamente as informações divulgadas pelo instituto sobre a oferta de produtos.

Já no Ibre, em iniciativa inédita, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, reuniu-se com economistas, no Rio, na terça-feira, 21, para debater, informalmente, conceitos macroeconômicos. Tanto no contato com o IBGE quanto com o Ibre/FGV, a atenção é centrada menos na inflação em si e mais nos indicadores relacionados à produção. A taxa inflacionária, embora mereça todo o foco da atuação do BC, é considerada a ponta do iceberg, o efeito de uma cadeia com origem no setor produtivo. Entre as estatísticas mais acompanhadas recentemente pela autoridade monetária, um destaque é o comportamento da safra agrícola. O BC anda bastante preocupado, por exemplo, com os efeitos da seca na Região Nordeste do País, que pode afetar especialmente a produção de feijão.

Na FGV, Hamilton foi tratar, sobretudo, do setor de serviços. Em almoço com o presidente do instituto, Luiz Guilherme Schymura de Oliveira, além de outros economistas “top de linha” da casa, tratou do aprimoramento da sondagem de serviços elaborada pelo Ibre, cuja criação foi patrocinada pelo próprio BC, há alguns anos. O objetivo foi reforçar a parceria entre as duas instituições para que a sondagem retrate com mais precisão o setor que hoje responde pela maior fatia do crescimento econômico brasileiro. A intenção é que a sondagem funcione como ferramenta para a condução da política econômica.

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Uma das propostas é criar uma estatística que acompanhe o nível de utilização da capacidade das empresas do setor de serviços, a exemplo do que é feito na Sondagem da Indústria, na qual é calculado o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci). A inserção desse dado à pesquisa ainda está em análise e irá exigir um intercâmbio de informações ainda maior entre os economistas do Ibre e do BC. Está pré-agendado para breve um novo encontro entre os economistas das duas instituições. Durante o almoço, Hamilton ouviu dos especialistas da FGV as projeções sobre a economia para este e o próximo ano, todas inseridas no “Boletim Macro”, produzido pela economista Silvia Mattos e divulgado sempre no início de cada ano.