O chefe do departamento de estatísticas do Banco Central (BC), Fernando Rocha, disse nesta quarta-feira, 28, que a redução de 0,2% do estoque total de crédito em outubro foi causada, principalmente, pela variação cambial no mês.
“As operações vinculadas ao comércio exterior e algumas operações do BNDES vinculadas ao câmbio passam a valer menos em reais quando a moeda brasileira se aprecia”, explicou.
Segundo Rocha, a variação de 7,1% no câmbio no mês passado teve um impacto de R$ 8,5 bilhões no estoque de crédito em outubro. “Sem esse impacto, o saldo de crédito teria crescido 0,1%”, completou.
Rocha lembrou que os empréstimos com recursos livres para pessoas físicas continuam crescendo, mas reforçou que há uma queda sazonal das operações para pessoas jurídicas. “Sempre nos meses de final de trimestre há um crescimento marcado das linhas de desconto de duplicatas. No mês seguinte, como é o caso de outubro, há um recuo nessas linhas”, acrescentou.
Para Rocha, o resultado de queda em outubro é pontual, e não deve significar uma mudança na tendência de crescimento gradual do estoque de crédito.
Aumento dos juros
Rocha disse que houve um aumento “pequeno” das taxas de juros em algumas linhas de crédito em outubro. Segundo ele, o aumento de 0,1 ponto porcentual do Índice do Custo de Crédito (ICC) em outubro, para 20,9%, mantém o indicador pelo quarto mês consecutivo em “estabilidade”.
Rocha explicou que o aumento dos spreads no mês se deveu à redução da taxa de captação dos bancos em outubro, que não foi acompanhada por uma queda nas taxas de juros no mesmo ritmo. “É difícil dizer o que vai acontecer com os juros, mas continua existindo espaço para a redução das taxas e dos spreads”, completou.
Concessões
Rocha explicou que a alta de 9,2% na concessões totais de crédito em outubro foi inflada pelos três dias úteis a mais no mês em relação a setembro.
“Sem esse impacto, o crescimento em relação ao mês anterior teria ficado bem aquém desse patamar”, explicou.
Capital de giro
Rocha destacou o crescimento de 0,7% no estoque de crédito nas linhas de capital de giro em outubro. “Observamos agora uma alta no saldo das linhas de giro, indicando uma virada. Isso é bastante positivo”, avaliou. Em 12 meses, no entanto, ainda há uma queda de 1,9% na modalidade.
Rocha apontou que as linhas de capital de giro com prazo superior a 365 dias cresceram 0,4% no mês passado. “Essas operações geralmente estão ligadas ao aumento da capacidade de aquisição ou produção por parte das empresas”, detalhou.