O Banco Central poderá oferecer novas linhas de crédito com o objetivo de ajudar empresas que enfrentam dificuldades provocadas pela escassez de crédito externo. O problema também poderá ser enfrentado com o uso de recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A informação foi dada hoje (12) pelo presidente do Banco Central, Armínio Fraga, em entrevista ao programa Bom Dia Brasil, da TV Globo.
As medidas, explicou Fraga, fazem parte de um conjunto de alternativas em estudo para ?fazer uma intervenção pontual? e compensar a falta de linhas de crédito dos bancos internacionais para o Brasil, até que a situação se normalize.
Desde o final de maio, quando a crise financeira se agravou, as instituições financeiras estrangeiras vêm relutando em emprestar a empresas brasileiras. Em conseqüência, há dificuldade tanto para obter novos empréstimos quanto para ?rolar? créditos já contratados.
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, também confirmou hoje que o governo está buscando formas para lidar com esse problema, mas avisou que ele será resolvido aos poucos. ?Esperamos não uma resolução dramática de um dia para o outro, mas uma gradual retomada e renovação dessas linhas?, afirmou.
Na avaliação da área econômica do governo, o passo mais importante para normalizar a situação já foi dado: o fechamento do novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Isso, acreditam, deverá recuperar a confiança em relação ao futuro da economia e, dessa forma, o mercado de crédito poderá ser retomado para o setor privado.
Por isso, uma das alternativas seria o próprio BC oferecer o crédito a essas empresas, por intermédio da rede bancária. Isso poderia ser feito, segundo Fraga, por meio de algum tipo de leilão, voltado exclusivamente para essa finalidade. Ele não esclareceu se os recursos do FMI poderiam, de alguma forma, ser usados para esse fim.
Outra possibilidade que vem sendo trabalhada, segundo informou Fraga, é utilizar recursos do BID. O presidente do BC disse que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vem trabalhando com o BID nesse sentido, de obter financiamentos em dólares. Mas isso, segundo Fraga, ainda pode levar algumas semanas.
Na semana passada, Fraga disse que a recuperação da confiança dos agentes econômicos internacionais ao Brasil ocorrerá gradualmente, mas as bases já estão lançadas. Em outra entrevista concedida há duas semanas, o presidente do Banco Central chegou a questionar se não foi perda de tempo o fato de ele ter ido ao exterior conversar com bancos no início de 1999, para também liberar essas linhas. Segundo ele, a reação dos bancos ocorreria naturalmente, com a melhora do cenário econômico.