O presidente do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), Haruhiko Kuroda, afirmou nesta terça-feira que a instituição está bastante atenta aos movimentos globais do capital. “Os movimentos globais de capital afetam as condições econômicas reais”, destacou Kuroda durante uma sessão do Parlamento do país. “É cada vez mais importante manter as taxas de juros em níveis apropriados, ou gerar uma trajetória apropriada para a curva de juros, para a economia, os preços e os mercados financeiros de nosso país”, afirmou.
O BoJ adotou algumas medidas técnicas na semana passada para levar para baixo os retornos dos bônus de dois e cinco anos, em resposta aos ganhos nos retornos dos bônus dos Treasuries norte-americanos. A medida faz parte da nova estratégia do banco central, introduzida em setembro, que tem como foco manter baixos os retornos dos bônus para estimular a inflação.
Kuroda argumentou que os bancos centrais podem reduzir os efeitos negativos do fluxo global de dinheiro com a geração de um crescimento sustentável e a estabilidade de preços em seus próprios países e regiões. “É difícil para os bancos centrais adotar ações de maneiras coordenadas” para esses fins, apontou. Kuroda também renovou seu pedido para que o primeiro-ministro Shinzo Abe mantenha a disciplina fiscal, dizendo que, caso os mercados percam a confiança nas finanças do governo do Japão, isso poderia minar os efeitos do relaxamento monetário.
O presidente do BoJ também rejeitou os pedidos para que houvesse uma meta para crescimento dos salários. Segundo ele, as companhias não estabelecem os níveis salariais baseando-se apenas nos movimentos dos preços. “Eu acho que é difícil estabelecer uma política de meta para os salários porque a taxa de crescimento do salário é influenciada não apenas pelas mudanças nos preços, mas também pela produtividade do trabalho”, afirmou.
Alguns acadêmicos japoneses sugeriram que, caso o BoJ declara que fará um relaxamento monetário para estimular o crescimento dos salários a uma taxa mais forte, os consumidores podem se sentir mais confortáveis sobre o futuro e começar a gastar mais. Eles dizem que a meta de inflação de 2% do BoJ pode ter levado consumidores a temer que apenas os preços subam, não seus salários.
A política agressiva de Kuroda ajudou a gerar inflação em seu primeiro ano, levando o crescimento dos preços para mais de 1% na primavera local de 2014, mas logo o índice perdeu força, em parte porque o crescimento nos salários não atingiu a expectativa. Fonte: Dow Jones Newswires.